“Tempo de férias” é tempo de “dignidade do ser humano” – Liga Operária Católica

Trabalhadores cristãos lembram quem não pode ter férias “afetado pela pobreza” e quem não vê o seu trabalhão reconhecido

Foto: Agência Ecclesia/Campo de Férias organizado pelo Patriarcado em 2019

A Liga Operária Católica/Movimento de Trabalhadores Cristãos afirmou hoje, em comunicado, que as férias e o descanso “estão intimamente ligados à dignidade do ser humano”.

“As férias e os descansos semanais estão intimamente ligados, não têm um papel marginal na vida dos homens e mulheres, mas fazem deles seres com dignidade. São Paulo VI dizia que as férias devem ser um tempo de descanso vigilante. Devem ser um período proveitoso em que a interrupção do ritmo de trabalho habitual possa favorecer o silêncio interior e o recolhimento”, assinala a LOC/MTC num comunicado citado hoje pela Agência Ecclesia.

“As férias não devem ser como o desligar e ligar um disjuntor todos os dias, como normalmente o fazemos com os nossos telemóveis, mas antes para parar, ajustar, cultivar a palavra e, porque não, meditar e fazer oração, que nos ajude a limpar os lixos acumulados (alguns tóxicos) de um ano de trabalho que nos cansam o corpo e a alma”, acrescenta.

Considerando o tempo de descanso que de forma geral se vive, a Liga sublinha a possibilidade de flexibilizar as férias, permitindo “dialogar entre trabalhadores, as chefias e até com as entidades patronais, no sentido de ambas as partes ficarem satisfeitas”.

“A sociedade necessita de todo o tipo de trabalho e muitas vezes nem dá conta que se serve dele todos os dias. Lembramos aqui o trabalho doméstico, sempre esquecido do restante trabalho e o trabalho por conta própria. Normalmente são trabalhos mal remunerados, indispensáveis, pouco declarados e acarinhados”, lamenta.

O MTC afirma que a pobreza está a afetar muitos trabalhadores que “têm de pagar renda mensal ou prestação ao banco pela casa onde vivem” e estão “com o coração nas mãos”.

“Estas prestações mensais aumentaram de forma assustadora e o crescimento dos salários não acompanhou a inflação dos preços habitacionais e dos artigos de primeira necessidade. Daí que muitos trabalhadores não consigam ausentar-se do seu meio para o gozo, merecido, das suas férias e muito menos recorrer ao crédito para o fazer. Outros vão ocupar o tempo de férias a trabalhar, em horas extraordinárias, mal remuneradas e raras vezes declaradas”, indicam.

A LOC/MTC indica as férias como “um bem que emerge do Criador”, reafirma o domingo sem trabalho desnecessário, e convida a valorizar o trabalho “não remunerado” correspondendo àquele realizado em casa que contribui para o bem estar das famílias e do quotidiano.

A LOC/MTC tem como assistente o jovem padre açoriano, Pedro Lima.

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