Cristãos conscientes do seu batismo são cristãos mais atentos ao mundo sobretudo junto dos mais pobres

Bispo de Angra é o entrevistado do Sítio Igreja Açores este domingo, depois da publicação da Carta pastoral “Batizados na Esperança”

Foto: Agência Ecclesia/IA

 

“Sem a consciência do batismo não há Igreja. O batismo faz-nos um povo. É dele que nasce a esperança”. Esta é a principal ideia deixada pelo bispo de Angra numa entrevista ao Igreja Açores que vai para o ar na íntegra este domingo depois do meio-dia no Rádio Clube de Angra e na Antena 1 Açores.

O bispo de Angra inaugura o Ano Pastoral 2025-2026 fazendo um apelo à Diocese para que se volte para os mais pobres e marginalizados, numa mensagem em que o batismo, a sinodalidade e a participação dos leigos e jovens se unem à urgência de uma Igreja presente e solidária no mundo.

O batismo surge como núcleo desta missão: não apenas como rito sacramental, mas como força que transforma os fiéis em discípulos e missionários.

“Sem a consciência do batismo não há Igreja. O batismo faz-nos um povo. É dele que nasce a esperança”, sublinhou o prelado na entrevista onde refere que a proposta diocesana de criação de Centros de Preparação para o Batismo em todas as paróquias e ouvidorias, conduzidos por leigos, casais e presbíteros,  “é a oportunidade de  formar discípulos capazes de gerar outros discípulos e de testemunhar a fé no mundo.”

“Estamos perante um desafio: optamos pelos pobres ou pelas estruturas?”, questionou o bispo na entrevista ao lembrar que 24% da população açoriana enfrenta risco de pobreza e que muitas paróquias ainda desconhecem as realidades das novas pobrezas.

“Não haja dúvida que nós cristãos precisamos de nos interrogar o que é que eu digo ao pobre? Se nós pensarmos que 24% dos nossos açorianos estão sujeitos à pobreza e que temos taxas tão altas de risco, será que muitas paróquias se perguntam se em 10 pessoas, 2 ou 3 estão em risco de pobreza aguda, será que na nossa paróquia há alguma? Porque há paróquias que acham que não há pobres, provavelmente não sabem quais são as novas pobrezas, não se debruçam sobre quais são as novas pobrezas” refere o prelado que salienta a importância de uma Igreja consciente da sua missão  e que está presente no mundo.

“Temos que fazer essa opção, temos que chegar ao momento em que temos de perceber qual é a nossa verdadeira opção em relação às pessoas que servimos”, acrescentou.

Na entrevista, D. Armando Esteves Domingues lembra que a missão cristã exige proximidade concreta, solidariedade e evangelização com os que mais precisam.

“Pensar em evangelizar com os pobres não é fácil. É dizer: eu vou-me pôr ao lado do pobre. Jesus sentava-se, chorava com eles, abraçava, tocava, alegrava-se. E muitos desses continuam hoje a evangelizar”, afirmou.

A sinodalidade, refere,  será outra dimensão central, reforçando a participação ativa dos fiéis. Onde não existam, os conselhos pastorais paroquiais serão criados; onde existam, deverão tornar-se cada vez mais representativos.

“Os leigos não são apenas para ouvir e trabalhar, mas também para refletir, discernir e decidir”, explicou o bispo, enfatizando que a corresponsabilidade é essencial para que a Igreja seja uma presença transformadora na sociedade.

O papel dos jovens também é destacado nesta entrevista como estratégico. O bispo citou experiências como a Aldeia da Esperança, onde jovens viveram em comunidade, dedicados ao outro e à fé, mesmo sem estímulos tecnológicos.

“Temos de dar protagonismo aos jovens. Se não apontarmos objetivos claros, amanhã não seremos capazes de formar líderes”, afirmou.

A mensagem final do bispo é de esperança e testemunho: cada batizado deve ser um “farol de esperança”, levando Cristo ao mundo e sendo sinal visível de alegria e fé mesmo em tempos de dificuldade.

“O cristão não pode ser um desesperançado. Tem que ser alguém que vai contra a corrente do mundo”, conclui.

A entrevista de D. Armando Esteves Domingues vai para o ar este domingo, depois do meio-dia na Antena 1 Açores e no Rádio Clube de Angra. Pode ser ouvida também aqui no sítio Igreja Açores. No domingo arranca o ano pastoral diocesano centrado na dimensão batismal.

 

(Esta entrevista foi feita em parceria com os jornais A Crença e O Dever)

 

 

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