Único centro social ativo da ilha Graciosa, o Centro Social e Paroquial da Luz é dirigido por Fernando Mesquita, um octogenário que há quatro anos assumiu a liderança para garantir que a instituição continuasse de portas abertas. O responsável sonha agora concretizar um projeto antigo: a criação de um centro de dia para os idosos da freguesia
Criado na década de 1970, o Centro Social e Paroquial da Luz, na ilha Graciosa, nasceu com a doação de uma casa destinada a acolher um lar de idosos — objetivo que nunca chegou a concretizar-se.
“Desde que me cheguei à direção andamos a tentar abrir um centro de dia, mas são precisas obras e algum investimento”, explica Fernando Mesquita, diretor do centro, que assumiu o cargo , numa altura em que poucos estavam disponíveis e assim “para que o centro pudesse ter direção”.
O projeto do futuro centro de dia está já delineado e prevê uma sala de refeições, espaço para fisioterapia e áreas de descanso. Orçado em mais de um milhão de euros, aguarda ainda aprovação e financiamento. “Se fosse para o dia de amanhã, já andávamos há anos a batucar isto”, desabafa Frenando Mesquita, que vê nesta obra uma resposta essencial para a freguesia da Luz.
“Há muita gente que vive sozinha. O centro de dia vai permitir que as pessoas passem o dia acompanhadas e entretidas”, refere.
Atualmente, a instituição desenvolve várias atividades sociais e educativas. Nele funciona um ATL com 24 crianças, uma Universidade Sénior, e a Quinta da Luz, onde existe uma horta comunitária. Os produtos cultivados por participantes de programas de inserção social são doados às misericórdias de Santa Cruz e da Praia.
“É justo que a gente entregue, porque as santas casas fornecem-nos as refeições gratuitas”, sublinha o diretor.
A sustentabilidade financeira do centro assenta em rifas, arrendamento de uma casa à RIAC e o apoio da Segurança Social para o ATL. “Vamos ajudando as pessoas da Universidade Sénior e as nossas crianças, com um lanche, um chazinho, e vamos sempre melhorando as coisas”, diz Fernando Mesquita.
A freguesia da Luz, a mais pequena e isolada da Graciosa, enfrenta hoje o envelhecimento da população e a falta de participação comunitária.
“Quando faço reuniões, há uns que vêm, outros que não. Ninguém quer nada. E assim que deixar isto, vai ser complicado”, lamenta o dirigente. Ainda assim, mantém-se confiante e determinado: “Estou na direção há quatro anos mas desde que me conheço que ajudo e colabora com a Igreja. tem de ser assim, não é verdade? Somos cristãos, logo temos de colaborar de forma empenhada”.
Com duas funcionárias a tempo inteiro e muitos desafios pela frente, o Centro Social e Paroquial da Luz continua a ser um pilar de apoio e solidariedade numa freguesia onde a “união comunitária é cada vez mais rara”.
O Sítio Igreja Açores está a promover um périplo pelos 56 centros sociais e paroquiais da diocese de Angra, uma valência importantíssima no apoio social aos grupos mais vulneráveis: as crianças, os idosos e as famílias.
Na Graciosa existem três centros criados mas só um funciona.