Jovens de todas as ouvidorias de São Miguel participaram neste encontro no Dia Mundial da Juventude
O Santuário do Senhor Santo Cristo dos Milagres, em Ponta Delgada, recebeu esta tarde cerca de centena e meia de jovens das ouvidorias de São Miguel para assinalar o Dia Mundial da Juventude. Entre momentos de oração, testemunhos impactantes e uma peregrinação jubilar, a jornada destacou a missão dos jovens como “sinais de esperança” no quotidiano, num encontro marcado pela reflexão, pela escuta e pela fé partilhada, a partir de três biografias dos santos São Camilo de Lellis e dois santos do século XX: São Peter to Rot e Santa Gianna Beretta.
A iniciativa, enquadrada no Jubileu da Esperança e promovida pelo Serviço Diocesano da Juventude, reuniu adolescentes e jovens de vários grupos da ilha numa tarde de atividades inspiradas no modelo da Jornada Mundial da Juventude.
“Hoje celebramos a Jornada Mundial da Juventude, que acontece no dia de Cristo Rei, e é uma oportunidade para congregarmos os jovens e despertarmos neles a consciência da esperança que são para o mundo”, explicou o padre João da Ponte, assistente do Serviço Diocesano da Juventude.
O encontro, replicado em várias ilhas dos Açores e também em dioceses de todo o mundo, contou com cerca de 150 inscrições. Os jovens iniciaram a tarde no páteo da Roda, no Convento da Esperança, seguindo depois para diferentes salas onde ouviram testemunhos de quem trabalha diariamente com pessoas privadas de liberdade, com doentes e com famílias vulneráveis. O objetivo foi partir da realidade concreta, marcada por fragilidades, pobreza e desafios , para, a partir dela, descobrir a fonte cristã da esperança.
Seguindo a metodologia da JMJ de Lisboa, os participantes refletiram sobre três fsantos: São Pedro To Rot, mártir do século XX e canonizado recentemente; São Camilo de Lellis, padroeiro dos doentes e profissionais de saúde; e Santa Gianna Beretta Molla, médica que deu a vida para salvar o filho. Cada santo foi associado a uma problemática atual – prisões, saúde e maternidade – permitindo aos jovens compreender como a fé ilumina as situações mais difíceis.
As partilhas emocionaram muitos dos presentes. Júlio Benevides, dos Arrifes, sublinhou “a importância de levar esta vivência para a comunidade e acolher quem está mais afastado”.
Para Laura Pereira, de São Vicente Ferreira, a tarde foi uma oportunidade de “conviver, conhecer pessoas novas e aprender a escutar sem julgamento”.
Já Júlia Fonseca, da Fajã de Cima, destacou que a principal mensagem foi “acolher e respeitar o outro e as suas diferenças”.
Após os testemunhos, os jovens realizaram uma peregrinação em volta do Campo de São Francisco, passando pela Porta Santa da igreja jubilar, onde rezaram pelas intenções do Papa e deixaram mensagens para reclusos, num gesto solidário inspirado no exemplo de São Pedro To Rot. Seguiu-se um momento de reconciliação com cinco sacerdotes disponíveis para confissões.
A celebração culminou com a Eucaristia, presidida pelo padre João da Ponte, que recordou que “Jesus é Rei porque ama até ao fim” e que a esperança “é urgente nas escolas, nas famílias e em todos os ambientes de vida dos jovens”. O sacerdote apelou ainda a que cada participante se torne “um sinal de esperança onde quer que se encontre”.
No final da missa, o padre Nuno Maiato, outro dos assistentes da pastoral juvenil, lançou um pedido solidário: a recolha de bens para o hospital, o estabelecimento prisional e o projeto Arrisca, a entregar no próximo dia 19 de dezembro, às 20h00, no Convento da Esperança. Um gesto “de amor” destinado a chegar a quem, todos os dias, testemunha e constrói esperança em contextos de fragilidade.
A tarde terminou em clima de festa, união e compromisso. Muitos jovens deixaram o Santuário com a mesma certeza: a missão começa agora, “lá fora”, onde a presença cristã se traduz em escuta, proximidade e cuidado.
