A Celebração da Ceia do Senhor “não é uma evasão do mundo e da história”

Núncio Apostólico lembra “sede vacante”, “guerra na Ucrânia” e “pandemia” para referir que o sacrifício que Jesus ofereceu de Si mesmo na cruz, e do qual a Eucaristia é o memorial, “está sempre vinculado às circunstâncias da história humana”

O Núncio Apostólico em Portugal presidiu esta noite à Missa Vespertina da Ceia do Senhor, na Sé de Angra e afirmou que o mistério eucarístico evocado nesta celebração, que abre o tríduo pascal, não pode ser alheado da realidade concreta de cada comunidade, em cada tempo .

“O mistério Eucarístico, cuja instituição celebramos nesta tarde de Quinta-Feira Santa, deve estar sempre profundamente vinculado à realidade que vivem as pessoas, a Igreja e toda a humanidade” disse D. Ivo Scapolo ao sublinhar que “o sacrifício que Jesus ofereceu de Si mesmo na cruz e do qual a Eucaristia é o memorial, está sempre profundamente vinculado às circunstâncias da história humana”.

A Celebração da Ceia do Senhor “não é uma evasão do mundo e da história, mas o momento no qual Jesus Cristo, em virtude da sua morte e ressurreição, assume e transforma também as nossas cruzes num sacrifício de expiação e de glória, agradável a Deus Pai”, referiu ao lembrar a guerra na Ucrânia, a pandemia e a situação de sede vacante em que se encontra a diocese de Angra, como exemplos de sofrimento.

“Este é, portanto, um tempo de intensa oração como também de renovado compromisso a continuar a cumprir o próprio serviço e o próprio testemunho na Igreja e na sociedade”, afirmou.

“Temos o dever de dirigir a Deus a nossa oração para que, pela intercessão de nosso Senhor Jesus Cristo, Príncipe da Paz, termine a guerra, se sarem as feridas, se abram caminhos de paz, reconciliação e prosperidade”, disse ainda.

“Todas as lágrimas da humanidade, unidas ao sangue de Cristo, podem transformar-se em pérolas preciosas para resgatar o mundo inteiro” avançou ainda.

A partir da liturgia e da simbologia desta celebração que evoca a última Ceia em que Jesus institui a Eucaristia e lavou os pés aos discípulos, nesse gesto que ainda hoje surpreende o mundo, D. Ivo Scapolo desafiou os açorianos a imitarem este amor “concreto e total” de Jesus pela Humanidade.

“Sabemos que o gesto de lavar os pés aos apóstolos foi o símbolo daquele amor sem limites que atingiu a sua máxima expressão na cruz. A celebração desta Quinta-Feira Santa é, portanto, um momento de graça em que devemos renovar, em comunhão com toda a Igreja, o nosso compromisso de amar a Jesus, tomando a própria cruz e seguindo-O”, disse.

“Sem dúvida, muitos de nós já louvam a Deus com a sua vida, imitando Jesus, tomando cada dia a própria cruz e seguindo-O. Mas pode não ser verdadeiramente assim devido a incoerências e mediocridades, hipocrisias e mesquinhezes. Pedimos, portanto, ao Senhor que a celebração desta tarde e de todo o Tríduo Pascal seja uma ocasião para avaliar a qualidade da nossa fé, esperança e caridade”, concluiu.

No gesto do lava-pés que o Núncio Apostólico repetiu, como Jesus fez na última Ceia, participaram membros da Confraria do Santíssimo Sacramento da Sé.

Na oração dos Fieis rezou-se pelo papa, por todos os ministros consagrados, e ministros instituídos, pelos fragilizados e marginalizados e pelo povo ucraniano, perseguido na sua terra e disperso pelo mundo para que possa regressar a casa. Houve ainda uma prece pela diocese de Angra para lhe seja concedido um pastor que “ilumine” o caminho dos diocesanos e que “fale a verdade do Evangelho”.

Esta sexta-feira santa, depois de participar na celebração comunitária do sacramento da reconciliação e de apresentar cumprimentos ao Representante da República para os Açores, o Núncio presidirá à Paixão do Senhor., às 15h00, hora dos Açores, 16h00 em Portugal Continental.

 

 

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