A força do Papa Francisco está “no facto de ser cristão”, diz Pe. Anselmo Borges

Teólogo proferiu uma conferência intitulada “Papa Francisco: líder político-moral global”, em Ponta Delgada

O teólogo Anselmo Borges proferiu esta quinta feira à noite, em Ponta Delgada, uma conferência intitulada “Papa Francisco: o líder político-moral global” e defendeu que a sua força vem do facto de ser cristão.

“O Papa Francisco é cristão não por ser batizado mas porque segue o exemplo de Jesus e cumpre os seus ensinamentos” disse o sacerdote, professor na Faculdade de Teologia de Coimbra sublinhando que “é aí que reside a sua força”.

“Ele não só segue os ensinamentos de Jesus como imita o seu comportamento indo ao encontro de todos, sobretudo dos mais frágeis”.

O sacerdote, convidado da Comissão Diocesana da Pastoral da Saúde, lembrou que Francisco, no diálogo com o filósofo Dominique Wolton, afirma não ter medo de nada.

“Isto é de uma força avassaladora” frisa o sacerdote destacando que a força que o Papa Francisco tem por detrás dele “é a força do Evangelho e aqueles de nós que somos cristãos embora possamos não praticar, sabemos que ele tem razão”.

“Ele é franciscano por opção, em homenagem a Francisco de Assis que ouviu a voz do crucificado a pedir-lhe para reparar a sua igreja. Ele está a reparar a Igreja” e “vai conseguir”, disse ainda acrescentando que é “franciscano por opção mas jesuíta e por isso tem uma estratégia e uma cultura”.

“É desta interpenetração que é esperada uma igreja renovada para bem dos cristãos e da humanidade” frisa o Pe. Anselmo Borges.

“E quando ele for embora- e espero que seja sem nenhuma calamidade pelo meio até porque ele já disse que não sai a pontapé avisando os que gostavam de o ver sair-  gostava que o próximo Papa se chamasse João XXIV”, afirmou o teólogo lembrando a importância de João XXIII, o Papa Bom, que projetou o Concílio “que ficou como que entre parêntesis e foi recuperado agora pelo Papa Francisco”.

Numa conferência muito participada, o sacerdote percorreu o atual pontificado sublinhando a aposta de Francisco na Ásia- “Ele sabe que o futuro do Cristianismo se joga ali”-; nas reformas da Cúria e no Banco do Vaticano;  da intolerância relativamente à pedofilia; da valorização do papel das mulheres dentro da igreja; da possibilidade de ordenação de homens casados; da necessidade de uma nova governança global; da ecologia e da preservação da natureza contra os sucessivos abusos do homem e da sua atenção para com os mais frágeis e excluídos.

“O Papa Francisco é um verdadeiro cristão: acredita no amor de Deus, no Evangelho, como uma noticia boa de Jesus para todos os homens e mulheres, independentemente das suas circunstâncias. Ele acredita nisto e pratica-o. Esta e a sua maior força”, concluiu o sacerdote.

Anselmo Borges é Padre da Sociedade Missionária Portuguesa. Doutorado em Filosofia pela Universidade de Coimbra, em cuja Faculdade de Letras é Professor. Licenciado em Teologia pela Universidade Gregoriana, Roma, tem o Diplôme d’études approfondies (DEA) em Ciências Sociais pela École des Hautes Études en Sciences Sociales, Paris.

Leccionou Filosofia e Teologia na Universidade Católica Portuguesa e no Seminário Maior de Maputo. Faz parte do corpo docente do Programa Doutoral em Neurociências Clínicas, Neuropsiquiatria e Saúde Mental da Faculdade de Medicina da Universidade do Porto, ramo clínico do Programa Doutoral em Neurociências da mesma Universidade, e também do Mestrado em Psiquiatria Social e Cultural da Faculdade de Medicina da Universidade de Coimbra.

Tem várias obras publicadas, como Janela do (In)visível, Janela do (In)finito, Religião e Diálogo Inter-religioso, Corpo e Transcendência, Deus e o Sentido da Existência, Quem Foi/Quem É Jesus Cristo? (Coord.), Deus Ainda Tem Futuro? (Coord.) e Deus, Religiões, (In)Felicidade, todas com várias edições e as quatro últimas na Gradiva. É colunista do Diário de Notícias.

Na ocasião houve ainda oportunidade para a aquisição do livro que o sacerdote lançou em abril do ano passado, intitulado “Francisco: desafios à igreja e ao mundo”, editado pela Gradiva. Esta obra organiza-se em torno de quatro eixos: De Bento XVI a Francisco; Sexualidade e Família; Pessoa, Ética e Política; Para Uma Igreja do Século XXI.

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