A liberdade de pensamento abre o alicerce da acção

Por Renato Moura

Uma comunidade francesa permaneceu na Ilha das Flores, durante dezenas de anos, ao serviço do Centre d’Essais des Landes. Anualmente comemoravam, em 14 de Julho, com pompa e circunstância e participação de muitos portugueses, a Festa Nacional da França. Assim se celebra a revolução iniciada em 14 de Julho de 1789, com a queda da Bastilha. Honra aos princípios de liberdade, igualdade e fraternidade, origem da Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão, assinada ainda em 1789; e não só influenciou o futuro da França, como o da Europa moderna e do mundo.

Lógica a escolha de 14 de Julho para anualmente assinalar o Dia Mundial da Liberdade de Pensamento.

A Declaração Universal dos Direitos Humanos das Nações Unidas, de 1948, no seu artigo 18, consagra: “Todo o homem tem direito à liberdade de pensamento, consciência e religião; este direito inclui a liberdade de mudar de religião ou crença e a liberdade de manifestar essa religião ou crença, pelo ensino, pela prática, pelo culto e pela observância, isolada ou coletivamente, em público ou em particular”. Importa ter presente, por ligação indissociável, o artigo 19: “Todo homem tem direito à liberdade de opinião e expressão; este direito inclui a liberdade de, sem interferências, ter opiniões e de procurar, receber e transmitir informações e ideias por quaisquer meios e independentemente de fronteiras”.

A revolução francesa foi há 233 anos e mesmo a Declaração acabada de citar, já vai para 74 anos.

Nem a antiguidade retira importância crucial a esses valores e princípios definidores de direitos individuais e colectivos, inalienáveis; naturais. Pouco meditados. Talvez citados no enchimento de pretensiosos discursos políticos; mais na forma e menos na intenção.

Questiona-se a importância de se assinalarem dias baseados nos mais vulgares temas ou direitos consagrados nas leis ou declarações universais. Justificam-se por continuarem a ser atropelados direitos essenciais com frequência arrepiante. E não apenas em zonas do mundo tidas por menos civilizadas, ou à ordem de ditadores que ficarão recordados pelos piores motivos.

Acontece também nas pequenas comunidades onde habitamos. Discrimina-se por muitos motivos, nomeadamente por origem étnica e social, por idade, por sexo, por convicções, por opiniões políticas, etc.

Creio valer a pena atentar nos direitos de liberdade de pensamento, alertar os menos esclarecidos, lutar pela sua concretização e promover a condenação de quem não os respeite. Também no sentido de a liberdade gerar boas acções.

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