“A nossa tarefa não é ensinar doutrina mas ajudar os jovens a encontrarem-se com Jesus”, refere diretor diocesano da pastoral juvenil nos Açores

O padre Norberto Brum é o convidado do programa de Rádio Igreja Açores que vai para o ar este domingo, Dia Mundial da Juventude, pela primeira vez celebrado na Solenidade de Cristo Rei

De Santa Maria ao Corvo, todas as equipas da pastoral juvenil da diocese de Angra vão estar envolvidas em diferentes actividades com os jovens na jornada do Dia Mundial da Juventude que se celebra este domingo, pela primeira vez na Solenidade de Cristo Rei.

“Será um momento de grande desafio em que somos convidados a sermos jovens com os jovens e, porque se trata da primeira celebração nesta data, já com a pandemia mais aliviada, estamos todos expectantes” refere o padre Norberto Brum ao Igreja Açores, programa de rádio que vai para o ar este domingo no Rádio Clube de Angra e na Antena 1 Açores, a partir do meio dia.

O sacerdote, que é o responsável diocesano pela pastoral juvenil nas ilhas, sublinha que só o título da mensagem do Papa, inspirado no versículo 26 dos Atos dos Apóstolos “Levanta-te! Eu te constituo testemunha do que vistes”, já é “um convite explícito à desinstalação”.

“Esta pandemia trouxe-nos um certo deserto e agora há esta necessidade de recomeçar de forma nova e diferente: está na hora de sairmos da mornaça e recomeçar mas fazendo de maneira diferente”, adianta. E, fazer diferente “não é integrar os jovens nos movimentos e na Igreja em geral, de acordo com o que sempre fizemos ou pensámos”; é “dar-lhes protagonismo para que eles desarrumem a casa”, esclarece o padre Norberto Brum.

O sacerdote que lidera o grupo do Comité diocesano que está a preparar a participação dos Açores na Jornada Mundial da Juventude, em Lisboa, de 1 a 6 de agosto de 2023, lembra que está na hora dos jovens se comprometerem mais com a Igreja, mas para isso, é preciso que os mais velhos deixem.

“Nós falamos de muitas coisas: de sinodalidade, de caminhar em conjunto; é tudo muito bonito mas nós gostamos de ter a casa arrumada como sempre esteve. A grande questão é saber se a gente quer realmente mudar. E, se sim, então é preciso trazer os jovens, dar-lhes uma oportunidade”.

“Nós estamos muito acomodados nas nossas celebrações e, verdadeiramente, temos medo que os jovens nos desinstalem e nos deem volta à cabeça”, refere.

“Temos tudo muito organizado: programas pastorais, missas, catequese… Sabemos que o mês de outubro é o do rosário, mês maio mês de Maria, junho Coração de Jesus e temos dificuldades em aceitar que os jovens nos ponham a mexer e desarrumem a nossa estrutura”, acrescenta.

“Dar protagonismo aos jovens é permitir-lhes que eles façam isso e nós caminhemos com eles”, conclui, deixando algumas interrogações sobre a forma como se vive a Igreja em família, ou se desenvolve a catequese.

“A catequese está escolarizada, pouco vivencial e não faz discípulos. Vergo-me  e faço reverência aos catequistas, mas temos de perceber que estamos a dar uma injeção de religião aos rapazes e, chega ao Crisma, e eles estão fartos”, admite.

“A nossa tarefa não é ensinar doutrina mas ajudar os jovens a encontrarem-se com Jesus” adianta, salientando que “a linguagem e os meios disponíveis têm de ser adequados” ao tempo presente.

“Infelizmente estamos a trabalhar com algum amadorismo”, conclui apelando a que a Família possa fazer a experiência de ser a verdadeira Igreja doméstica.

Sobre o Congresso diocesano da Juventude, realizado um ano antes da pandemia, diz que “lançou a semente e agora temos de deixar o Espírito Santo atuar”, mas recorda que na pandemia nem tudo correu mal.

“Fizemos pela primeira vez a experiência de diocese com a formação `Capacita-te´, em que participaram jovens de quase todas as ilhas; celebrávamos a eucaristia on-line e todos participavam… foi uma experiência de diocese muito interessante”, salienta.

“Agora temos de voltar a juntar-nos, mas de forma diferente. Tem que ficar tudo diferente e a pastoral juvenil pode dar este sinal de esperança para a renovação e rejuvenescimento da igreja”, diz.

“O tempo de pandemia, este tempo de regresso, de preparação para a JMJ são determinantes para uma transformação. É um comboio que temos de apanhar agora, e o comboio só passará uma vez.”.

A entrevista do padre Norberto Brum pode ser ouvida na íntegra este domingo, dia 27, na Antena 1 Açores e no Rádio Clube de Angra, a partir do meio-dia.

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