Acção feita de intrigas e agressões

Por Renato Moura

Na passada Legislatura da Assembleia da República o PS chegou ao Governo e legislou-se com base numa maioria de deputados, o que foi sempre apregoado como normal. Agora há deputados de vários partidos que ameaçam votar no sentido de redução do IVA da electricidade. O mesmo Ministro das Finanças de então, não disfarça a fúria de agora uma outra eventual maioria – que se diz na defesa do interesse legítimo dos cidadãos – contrariar o Governo e apelida-a de maioria negativa!

No que parece um desusado slogan de “em equipa que perde não se mexe” o PSD elegeu novamente Rui Rio para seu presidente. E este já apresentou serviço, nomeadamente o de promover processo disciplinar aos deputados, eleitos pela Madeira, que se abstiveram na votação na generalidade da proposta de Orçamento do Estado. Ficam nas bocas do mundo e vão ser confrontados com o que lhes custa a liberdade de agirem, no que consideram a defesa do círculo que os elegeu.

O deputado e líder do Chega defendeu a devolução da deputada Joacine Moreira, do Livre, à Guiné-Bissau, onde ela nasceu, quando lá era também Portugal. A intriga até pode colher votos, dos que defendem o xenofobismo e ou o racismo, mas é uma agressão.

O novel líder do CDS entrou como leão. Na Presidência da República, ainda se falho de recursos oratórios, escusava de recorrer a linguagem intrigante e agressiva, inventando o termo “joacines” para deixar recados de subordinação aos deputados do CDS.

O Papa, a propósito da comunicação, lamentou o uso de “histórias devastadoras e provocatórias” e a repetição de “discursos banais e falsamente persuasivos” que, no seu ponderado conceito levam a “proclamações de ódio”.

Se atentarmos, verificamos que os agentes políticos, nem tanto por projecto ou proposta, sobretudo por recurso à comunicação agressiva e prolífera, privilegiam com constância a destruição das teses da concorrência, mais do que a divulgação das próprias alternativas; que às vezes nem têm!

Se bem que a reflexão de Francisco se destinasse, com plena oportunidade, ao Dia Mundial das Comunicações Sociais, serve à comunicação em geral, sejam quais forem os agentes.

O Papa Francisco acaba de iniciar um novo ciclo de catequese, destinado às bem-aventuranças, que ele qualifica como “novos mandamentos” que “descrevem o rosto e o estilo da vida de Jesus”. Aproveitar estas doutas reflexões contribuirá para que nos sintamos interpelados a evitar intrigas e agressões: políticos em geral, jornalistas, comentadores, opinantes, interventores em redes sociais… todos.

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