«Adeptos e intervenientes têm de consciencializar-se de que é preciso mudar», diz selecionador nacional de futebol

Fernando Santos fala de desporto e fé, em entrevista ao programa «70×7»

O selecionador nacional de futebol considera “lamentáveis” as cenas de violência nos festejos do último campeonato português, fruto de um desporto marcado pela “emoção” mas que não pode ser uma porta aberta aos “excessos”.

Em entrevista ao programa ‘70×7’ (RTP2), Fernando Santos sublinha que o atual paradigma só cairá quando “os adeptos e intervenientes, treinadores, jogadores”, se “consciencializarem que é preciso mudar”.

“Temos todos de trabalhar, agora se estamos à espera que os daquela bancada vão mudar, eles não vão mudar, a gente não muda e portanto nunca ninguém muda”, aponta o atual responsável pela equipa das quinas.

Numa conversa em que desvenda também como começou a sua relação mais próxima com a fé e a Igreja Católica, Fernando Santos realça que “o futebol é tão irracional”, no que respeita à gestão das emoções, “que traz excessos na vitória e na derrota”.

“Sempre foi infelizmente, senão não era futebol”, admite o antigo treinador de Porto, Sporting e Benfica, reforçando que isso não pode levar a “aferir que é assim e temos de deixar ser assim”.

“Criar estádios com melhores condições” e “aumentar a segurança, reprimir mais a violência”, são caminhos possíveis mas, na opinião do selecionador, insuficientes.

Com uma experiência profissional repartida entre Portugal e Grécia, Fernando Santos entende que, “em muitos casos, porque se vive com mais emoção, com mais paixão”, a “repressão” pode não resolver “o que quer que seja”.

Sobre a sua relação com a fé, o engenheiro eletrotécnico de formação recorda 1994, o ano em que foi despedido do Estoril, como ponto de viragem na sua vida.

Apesar de ser proveniente de uma família cristã e ter tido uma educação católica, desde cedo se afastou da Igreja, “mas a referência ficou”.

Num momento difícil da sua carreira, em que colocava tudo em causa, Cristo reentrou na sua vida através da sua filha, que então se preparava para o crisma, e de um convite dos amigos para fazer um cursilho de cristandade.

“Esse talvez tenha sido um dos momentos fundamentais da minha vida, esse 11 de março em que eu saio do Estoril, de alguma forma acaba por levar-me a ser treinador de futebol, hoje tenho a certeza, e também me leva seis dias depois a encontrar Cristo, isso foi a mudança total na minha vida”, confidencia.

É essa relação com “Cristo vivo” e a vivência dos seus valores no mundo do futebol que Fernando Santos tem procurado desde então, mesmo dentro do balneário e no limiar de cada desafio de futebol.

“Sempre antes do jogo entrego a minha equipa, ofereço-a a ele, que nos dê a força, a concentração, que leve os meus jogadores a estarem motivados”, realça o selecionador nacional, que acredita num “Portugal campeão europeu”.

“Este é o nosso objetivo. Se o vamos concretizar ou não isso só o jogo o irá mostrar, a nossa capacidade irá dizer sim ou não”, conclui.

A entrevista de Fernando Santos ao programa ‘70×7’ poderá ser acompanhada este domingo, a partir das 11h30, na RTP2(10h30 hora dos Açores)

CR/Ecclesia

 

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