Ano diocesano marcado por um forte apelo do Bispo de Angra a uma “nova ação” da Igreja

Na altura em que comemorou os 480 anos de existência, a diocese de Angra reforçou o número de padres e de diáconos O ano que agora termina fica marcado por sucessivos apelos do Bispo de Angra à reflexão sobre as periferias existenciais e à necessidade de construção de uma igreja nos Açores, cada vez “mais próxima das pessoas”.

O repto, com vários destinatários- clero e leigos- foi lançado em dois momentos decisivos deste ano de 2014: a abertura do ano pastoral, cujas orientações – Da Alegria do Evangelho à Saída Missionária da Igreja-  apontam pistas para essa saída “em chave missionária” e depois na abertura da Semana Diocesana, que assinalou os 480 anos de existência da diocese de Angra.

“Uma igreja particular não são os ofícios da cúria nem a distribuição de encargos mas a comunhão com o Espírito Santo e o sujeito da evangelização não é uma elite a quem se distribui estes encargos.

Todos os batizados são convidados a serem evangelizadores” afirmou por mais de uma vez o prelado diocesano ao longo deste ano, que ficou profundamente marcado por convites sucessivos a uma reflexão sobre o que é a igreja nos Açores e o que é preciso para lhe dar um novo impulso missionário.

Uma ação que nas próprias palavras de D. António Sousa Braga “vá para lá do apoio social”. “Urge uma mudança e a mudança fundamental, do ponto de vista pastoral, é fazer com que nós passemos de uma pastoral do enquadramento, própria de um regime de cristandade em que a igreja era a referência e enquadrava as pessoas dentro de um determinado sistema, desde o seu nascimento até à morte, para outro tipo de pastoral”, referiu D. António de Sousa.

O prelado diocesano que definiu como prioridade uma aposta na formação do clero e dos leigos, fez uma visita pastoral à ilha Graciosa e outra ao Seminário Episcopal de Angra, tendo participado em várias iniciativas da diáspora e na cerimónia de beatificação do “seu papa” Paulo VI, que o ordenou presbítero em maio de 1970, em Roma.

Também pelo Vaticano passaram duas delegações importantes da diocese: os Romeiros de São Miguel que participaram na audiência geral do Papa, no passado dia 3 de dezembro, e vincaram a comunhão do seu movimento com a Igreja Universal e uma delegação do Serviço Diocesano da Pastoral da família, que participou no encontro internacional das famílias, antes da Assembleia Extraordinária do Sínodo, por altura da Páscoa.

De resto, importa sublinhar, o empenho da Diocese na resposta às questões colocadas pelo Papa sobre a família, que integraram o documento da Conferência Episcopal Portuguesa, enviado para Roma.

Entre portas a vida diocesana, neste ano que agora termina, fica marcada pelo ressurgimento do Cabido Catedralicio da Sé de Angra, que regressa com um novo estatuto, que permite que sacerdotes que não residam na ilha Terceira possam ser Cónegos Capitulares.

Adiada ficou, no entanto, a entrada em vigor da nova proposta dos Estatutos da Cúria.

Na Diocese de Angra foram ordenados dois novos sacerdotes, no verão, e três novos diáconos, passando a ser assim, proporcionalmente ao número de habitantes, uma das dioceses portuguesas com maior número de sacerdotes ao seu serviço, todos formados no Seminário Episcopal de Angra.

A instituição terminou este ano as comemorações do seu 150º aniversário e fê-lo com “chave de ouro” recebendo um voto de louvor da Câmara Municipal de Angra do Heroísmo, reconhecendo o valor e a importância do seu ensino, depois da Assembleia Legislativa Regional já o ter feito.

Também o Colégio de Santa Clara, uma das duas escolas católicas da região, situado na ilha Terceira e dirigido pela Congregação das Irmãs Franciscanas Hospitaleiras da Imaculada Conceição, assinalou as suas bodas de ouro ao longo deste ano, com diversas atividades.

A ocidente, iniciaram-se as comemorações dos 500 anos de presença católica na ilha das Flores, nomeadamente com a criação da paróquia das lajes e, em São Jorge, a Igreja Matriz das Velas, comemorou 350 anos da sua construção. Na ilha Terceira, o lugar de São Carlos foi elevado a Curato, separando-se administrativamente da Paróquia de São Pedro de Angra.

No Faial deu-se um passo decisivo na conclusão do processo de reconstrução das igrejas afetadas pelo sismo de 1998, dando-se inicio à construção da primeira das quatro igrejas totalmente danificadas. A obra da Igreja dos Flamengos arrancou no final do verão, aguardando-se para daqui a dois anos o inicio da construção da próxima igreja.

No Pico reabriu-se a Matriz das Lajes, por ocasião da festa de Nossa Senhora de Lurdes.

Em ano de canonização de dois papas, a diocese de Angra, juntamente com a direção da Praça e com a Tertúlia Tauromáquica Terceirense decidiu que a capela da Praça de Touros de São João, na ilha Terceira, tivesse como orago São João Paulo II, que durante a visita aos Açores, em 1991, se paramentou neste templo antes da celebração eucarística a que presidiu em Angra do Heroísmo.

Também no Pico, no lugar da Engrade, na zona de veraneio da Piedade, por iniciativa da Associação dos Amigos da Engrade, foi construída a Ermida São João Paulo II.

Em São Miguel, no final deste ano, deu-se o pontapé de saída para as comemorações do centenário do jornal católico A Crença.

Ainda, nesta ilha, foi inaugurada a primeira residência assistida para o Clero, a Casa Betânia, integrada na Fundação Pia Diocesana do Bom Jesus. Também se deu inicio à reabilitação e construção do novo Centro Pastoral da Ilha- o Pio XII- cujas obras ficarão concluídas no final do primeiro trimestre do próximo ano, a tempo de receber a primeira reunião do Conselho Presbiteral fora da ilha Terceira.

O ano de 2014 fica igualmente marcado pela polémica em torno da cedência temporária do Resplendor do Senhor Santo Cristo dos Milagres ao Museu Nacional de Arte Antiga para uma exposição com outras quatro joias de inegável valor artístico do período barroco e o pedido de classificação do tesouro- que engloba a Imagem , o Resplendor, a Corda, o Ceptro e a Coroa- como Património Regional por parte da Diocese. Um assunto que está, neste momento, em discussão na Assembleia Legislativa dos Açores.

Para trás fica, ainda, outra polémica provocada pela realização de um espetáculo de dança do ventre na Igreja da Guia, junto ao Museu de Angra, na ilha Terceira.

De destacar, finalmente, neste ano a criação do Sítio Informativo Igreja Açores. Um espaço na Internet, que integra a Associação de Imprensa Cristã, que é regulado pela Entidade Reguladora da Comunicação Social e possui uma dimensão diocesana, produzindo diariamente informação sobre todos os eventos de natureza eclesial no arquipélago.

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