“Apostar na pastoral social é concretizar a misericórdia”, diz presidente da Comissão Diocesana Justiça e Paz

Pe Júlio Rocha sublinha conclusões do conselho presbiteral, de que é membro em representação dos movimentos

Dar prioridade à sensibilidade social é privilegiar aquilo que é “o papel fundamental da igreja” porque quando se fala de pastoral social fala-se da misericórdia, disse ao Sítio Igreja Açores o presidente da Comissão Diocesana Justiça e Paz no final dos trabalhos do Conselho Presbiteral, que acaba de terminar em Angra do Heroísmo.

“É urgente olhar e ser capaz de ver, combater a indiferença e perceber a necessidade do outro” refere o Pe Júlio Rocha e isso “é ter sensibilidade social e ser misericordioso”.

“Espero que todos nós presbíteros saibamos desenvolver, partilhar e por em prática esta sensibilidade social que deve ser prioritária em qualquer circunstância”, disse.

“A igreja tem estado muito preocupada com a pastoral litúrgica, com a catequese, que são importantes mas não devem ser a prioridade”, refere o sacerdote sublinhando que “cuidar das pessoas é a principal tarefa da igreja”.

“É urgente não ter medo de olhar e de ver, de ser capaz de prescindir e partilhar, de amar, de ser compassivo, de viver a misericórdia”, frisa, apelando a uma certa forma de redescoberta do essencial.

“A igreja existe para levar os homens até Jesus e para fazermos isso temos de aplanar os vales e cortar as colinas e este conselho presbiteral deve despertar-nos, sobretudo a nós sacerdotes, que devemos ser os principais agentes junto das pessoas”, seja no trabalho, nas empresas ou numa situação menos boa.

“Às vezes parece que temos medo, que há um mundo que nos foge e este mundo está todo na questão social”, acrescenta lamentando que no dealbar do Século XXI a igreja possa criado uma certa convicção de que “cuidar das pessoas cabia aos governos”.

Citando o Papa Bento XVI, na Encíclica Deus Caritas est, o responsável pela Comissão Diocesana Justiça e Paz destaca que “para além das funções do estado, da igreja e das instituições na vida das pessoas há uma dimensão fundamental que não pode ser esquecida: a dimensão da presença dos pastores junto de quem precisa”.

“Este é o papel fundamental que a igreja tem e que este conselho presbiteral deveria despertar nos sacerdotes e estou certo que despertará”, conclui retomando um pouco a ideia de que a proposta que se coloca aos cristãos é de ação e de conversão.

O conselho presbiteral terminou esta sexta feira em Angra, depois de ontem, no comunicado final, os sacerdotes terem deixado claro um conjunto de soluções que aponta para “uma prioridade para a pastoral social”, indo ao encontro “das necessidades das pessoas que passam por dificuldades”, não no sentido assistencialista “mas como promotores da dignidade humana” .

O conselho presbiteral é o órgão de consulta do Bispo de Angra e reune os presbíteros responsáveis pelas 16 ouvidorias, 12 serviços diocesanos e quatro comissões diocesanas bem como toda a cúria diocesana

(Com Nuno Pacheco de Sousa)

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