Artesanato da Terra Santa Mostra-se aos açorianos

Artesão nascido em Belém está na ilha Terceira. A sua “missão” é mostrar como se constrói e divulga a terra de Jesus.

A percentagem (2%) dos cristãos na Terra Santa está a diminuir cada vez mais por causa das condições precárias em que vivem, 30% de desemprego, com um rendimento anual por habitante de 2000 dólares. Muitos cristãos têm emigrado, outros, sobretudo de Belém onde a comunidade cristã é uma das maiores, com Nazaré, deslocam-se para alguns países a vender artesanato, presépios, entre outros, de madeira de oliveira e madre pérola, materiais manufaturados desde tempos imemoriais nas oficinas dos cristãos de Belém onde nasceu o Salvador, para que as suas famílias possam sobreviver.

Neste tempo de advento, um jovem cristão Católico de Belém veio à ilha Terceira com uma pequena exposição destes produtos, que carregam consigo histórias de vida próprias  de quem vive e peregrina na Terra Santa onde “viver como cristão, não é uma escolha, é um privilégio e uma vocação”, como já disse Monsenhor W. Shomali , Bispo Auxiliar e Vigário Geral de Jerusalém.

 

O Portal da Diocese respondendo aos pedidos dos últimos papas,  de “ajudar” quem  vive na Terra de Jesus a sua vocação, a cuidar dos lugares santos de Abraão e dos patriarcas, de David e dos reis, dos profetas, de Cristo, de Nossa Senhora, dos Apóstolos e dos santos para que aquela terra continue a ser de pedras vivas e a possamos visitar para fortalecer a nossa fé, foi ao encontro de um destes homens que “missionando” por outras paragens carregam consigo uma história secular.

 

 

Portal da Diocese (PD) – Fale-nos de si. Quem é o artesão George?

Artesão George (AG) – Sou um jovem cristão de Belém, ali nasci. Nasci numa minoria, na religião da Palestina. Tenho 30 anos, e vivo com os meus Pais e dois irmãos.

 

PD – Como é o dia-a-dia de um cristão em Belém?

AG – A nossa vida depende muito dos peregrinos e do artesanato que fazemos para eles. Celebramos os acontecimentos principais do ano litúrgico e temos um visto concedido pela Igreja Católica que nos permite entrar na Cidade Santa duas ou três vezes ao ano. Como somos uma minoria, menos de 2%, não há uma real dimensão pública na expressão da vivência da fé. Vive-se mais em família.

 

Não somos perseguidos

 

PD – Respira-se liberdade religiosa em Belém?

AG– O “status quo” – regulamento que estabelece o acesso das várias confissões religiosas aos lugares centrais de peregrinação na Palestina – permite-nos viver mais em paz e fortalece a união na fé. Não somos perseguidos e dá para levar uma vida sem problemas se não passarmos dos limites.

 

PD– Terminámos agora o Ano da Fé. Uma das propostas de Bento XVI para a vivência espiritual desse ano traduzia-se na experiência de peregrinação à Terra Santa. Isso notou-se muito no aumento do fluxo de peregrinos cristãos?

AG – Sempre houve peregrinações. Antes havia algum medo em visitar a Terra Santa, mas hoje isso já não é tanto assim. Hoje é preciso ver para crer, este lugar sagrado é único no mundo. Actualmente não há problemas. O que afecta as peregrinações são os problemas económicos do mundo.

 

A terra Belém é Pedra Viva

 

PD – Qual é a relação que os naturais de Belém têm com a sua terra natal, com a terra que pisam?

AG – É algo que é transmitido de geração em geração. A terra é pertença das famílias que a moram; é chamada “pedra viva”. Somos nós que protegemos essa terra e cuidamos dela, e vamos continuar a viver nessa santa terra, amando-a 

 

PD – Fale-nos do artesanato de Belém.

AG– São várias famílias que têm pequenas oficinas de artesanato, que aos poucos vão desaparecendo. É um pouco como Fátima.

 

PD– Diz-nos a tradição cristã que Jesus nasce em Belém, filho de um artesão. O George também é natural de Belém e também é artesão. É uma escolha ou é uma necessidade de sobrevivência?

AG – Por um lado é uma tradição antiga, por outro lado é uma forma de viver, uma fonte de trabalho. Não temos outra forma de vida. Dependemos essencialmente do turismo e dos peregrinos.

 

Eu também quero viver

 

PD– Quais são os seus sonhos?

AG – Gostaria de conhecer muitos lugares do mundo. Gostaria de ter uma carreira, ser arquitecto, embora não queira deixar o país. Só se vive uma vez e eu também quero viver a minha vida.

 

PD – O papa Francisco já anunciou a sua visita à Terra Santa em 2015. Isso é causa de alegria?

AG– Dá-nos muita alegria porque nos traz a paz. Traz mais fé e confiança aos peregrinos de todo o mundo para visitarem a Terra Santa. É uma visita muito próspera para nós e que nos levanta o ânimo e nos dá esperança para continuar a viver e a trabalhar na nossa terra.

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