Biografia oficial recorda Papa que «sofreu muito» pela Igreja

Cerimónia de beatificação decorreu esta manhã na praça de São Pedro

Francisco beatificou hoje Paulo VI, o pontífice que liderou a Igreja Católica entre 1963 e 1978, período em que encerrou o Concílio Vaticano II,  e que  foi o primeiro Papa a fazer viagens internacionais, entre as quais uma visita a Fátima, em 1967.

A cerimónia é a penúltima etapa no reconhecimento do Papa italiano como santo, por parte da Igreja Católica, num ato solene e formal que contou com a presença de Bento XVI, criado cardeal por Paulo VI.

A Missa presidida por Francisco, perante dezenas de milhares de pessoas na Praça de São Pedo, incluiu o rito de beatificação propriamente dito, no qual o Papa recitou a fórmula, em latim, com a qual permite que “o venerável servo de deus, Paulo VI, Papa, possa ser de ora em diante chamado beato” (ut Venerabilis Servus Dei Paulus VI, papa, Beati nomine in posterum appelletur).

Francisco estabeleceu que a festa litúrgica se celebre a 26 de setembro, data de nascimento de Giovanni Battista Montini (1897-1978).

A biografia divulgada pelo Vaticano recorda que o novo beato “sofreu muito por causa das crises que afetaram repetidamente o corpo da Igreja”, durante a sua vida, tendo respondido com “uma corajosa transmissão da fé, garantindo a solidez doutrinal num período de mudanças ideológicas”.

“Manifestou uma grande capacidade de mediação em todos os campos, foi prudente nas decisões, tenaz na afirmação dos princípios, compreensivo com as fraquezas humanas”, acrescenta o texto.

Giovanni Battista Montini nasceu em Concesio, Bréscia, na região italiana da Lombardia, e foi ordenado padre ainda antes de completar 23 anos, em 1920, tendo feito doutoramentos em filosofia, direito civil e direito canónico.

Como padre, esteve ao serviço diplomático da Santa Sé e da pastoral universitária italiana, tendo vivido a II Guerra Mundial no Vaticano, onde se ocupou da ajuda aos refugiados e aos judeus.

Após o conflito, colaborou na fundação da Associação Católica de Trabalhadores Italianos, antes de ser nomeado arcebispo de Milão, em 1954; São João XXIII criou-o cardeal em 1958 e participou nos trabalhos preparatórios do Concílio Vaticano II.

A 21 de junho de 1963, foi eleito Papa, escolhendo o nome de Paulo VI, e concluiu os trabalhos do Concílio “entre várias dificuldades, estimulando a abertura da Igreja ao mundo e o respeito pela tradição”.

O novo beato foi o primeiro a realizar viagens internacionais, a começar pela Terra Santa, onde teve lugar um “encontro histórico” com o patriarca ortodoxo Atenágoras, incluindo a passagem por Fátima a 13 de maio de 1967 e o discurso na sede da Organização das Nações Unidas, em Nova Iorque, a 4 de outubro de 1965.

O Papa italiano escreveu sete encíclicas, entre as quais a ‘Humanae vitae’ (1968), sobre a regulação da natalidade, e a ‘Populorum progressio’ (1967), sobre o desenvolvimento dos povos, tendo instituído o Sínodo dos Bispos e o Dia Mundial da Paz.

“Fez frente às tensões políticas e sociais que nalgumas nações culminaram na época do terrorismo, ao qual se opôs com discursos sinceros que comoveram o mundo”, relata a biografia oficial.

O texto fala num homem de “espiritualidade profunda”, “fé forte”, “esperança indomável” e “caridade quotidiana”, que tinha um caráter “reservado” e uma “sensibilidade humana excecional”.

O Vaticano recorda que o Papa, falecido a 6 de agosto de 1978, deixou escritos um “pensamento para a morte” e um “testamento”, que se apresentam como “obras-primas de espiritualidade e amor à Igreja”.

 

Ecclesia/Reuters

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