Bispo de Angra apela a uma comunicação social “livre” que “dê voz a quem não a tem”

D. João Lavrador presidiu na Sé de Angra à primeira missa dominical depois do confinamento de mais de dois meses. A missa foi transmitida pelos órgãos de comunicação social e digital

O bispo de Angra alertou para o perigo do “ desvio de uma boa comunicação” neste tempo de crise em que muitos dos órgãos de informação estão a lutar pela sobrevivência.

“Neste contexto de crise é precisa uma comunicação social livre, que não se cale” afirmou advertindo que, por vezes, “a sobrevivência tem tentações e quando elas existem podem correr-se perigos muito grandes”.

“A comunicação social tem de ser inteiramente livre para cumprir o seu desígnio” sublinhou o prelado, “dando voz a quem não tem voz, estando atenta a quem está excluído”.

Na homilia da primeira missa dominical a que presidiu na Sé de Angra depois do período de confinamento em que as celebrações decorreram durante mais de dois meses sem a presença de fieis, D. João Lavrador sublinhou a “exigência desta hora” para que a comunicação seja feita em nome da justiça e da esperança.

“Esta é uma hora de grande exigência para a comunicação, que tem de se bater pela justiça, deixando uma palavra de esperança e de responsabilidade, apelando à responsabilidade de cada um pelo bem comum”, contextualizou.

A partir do Evangelho deste domingo, dia da solenidade da ascensão de Jesus Cristo ao Céu, em que a Igreja celebra o 54º Dia Mundial das Comunicações Sociais, D. João Lavrador convidou os profissionais da comunicação, e os cristãos em geral, a narrarem “a história que faz parte da nossa própria identidade” e que “é a história da salvação”.

“Cheios pelo mistério da ascensão de Jesus Cristo somos convidados a ir a todo o mundo anunciar a boa nova e ensinar tudo o que ele nos mandou” disse o prelado diocesano que é também o Presidente da Comissão Episcopal dos Bens Culturais da Igreja e das Comunicações Sociais.

“Nós cristãos temos uma boa nova para anunciar sempre: Jesus é o amor, a verdade e a vida que se conjugam com a misericórdia e a ternura”, por isso, devemos ser todos comunicadores dando “um rosto humano a cada notícia”.

“Num contexto tão difícil quanto o que vivemos precisamos de sabedoria para patrocinar e criar narrações belas, verdadeiras e boas”, concluiu o prelado.

A Igreja Católica celebra hoje a festa da Ascensão de Jesus, a sua subida para o Céu após a ressurreição.

“A experiência dos Apóstolos é também a nossa. Cristo desaparece aos nossos olhos físicos e abre-se um outro olhar, o olhar da fé, para lá do aparente e do transitório”, disse ainda o prelado.

“A ascensão não é um facto para olharmos de fora, para recordarmos sem mais; é algo que nos atinge na nossa própria existência. Nós vivemos hoje em comunidade cristã na ascensão do Senhor”, disse ainda.

Esta solenidade da ascensão de Jesus Cristo “é importante para reconhecermos o mistério da vida e o mistério da ressurreição de Cristo” esclareceu D. João Lavrador que elencou a “sabedoria, a inteligência e a disponibilidade” como passos decisivos para “compreender este mistério”. Para o bispo de Angra, é na Eucaristia que nos tornamos parte desse mistério.

“Somos convidados a partir da mesa a viver uma vida nova e por isso a ascensão não é um facto para olharmos de fora”, reiterou.

Este domingo da ascensão foi o primeiro domingo de desconfinamento para os cristãos de sete das nove ilhas do arquipélago. Apenas São Miguel e Graciosa continuam sem ter missas com a presença de fieis, o que será permitido a partir do próximo domingo.

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