Bispo de Angra destaca a “verdadeira caridade” na luta contra a injustiça

O Prelado açoriano investiu este domingo sete novos cavaleiros na Ordem do Santo Sepulcro de Jerusalém. Cerimónia de investidura regressou aos Açores 25 anos depois, na Sé de Angra.

Na Missa Pontifical de Investidura de Cavaleiros e Damas da Ordem do Santo Sepulcro de Jerusalém, que decorreu este domingo na Sé de Angra, D. António de Sousa Braga, ele próprio Cavaleiro Grande Oficial, presidiu à celebração eucarística, e disse que “não são as insígnias nem as espadas que nos tornam mais cristãos mas a caridade, segundo o carisma da Ordem, que nos impele a lutar contra a injustiça”.

 

O Bispo de Angra destacou ser este “o verdadeiro sentido” desta investidura, que é “a expressão da missão de fazer sempre mais e melhor dentro do carisma da Ordem”, que recorde-se assenta nas ideias de “caminhar, construir e confessar”.

 

O Prelado açoriano deixou, ainda, o apelo para que espiritualmente todos os membros da Ordem possam continuar “a serem testemunhas do túmulo vazio” e pessoas “que acreditam, que esperam e que abrem caminho à esperança”.

 

A este propósito lembrou as palavras do Papa Francisco, aquando da receção aos responsáveis da Ordem e apelou a todos os fieis, independentemente da sua condição, para “serem pacientes” e não perderem a esperança”.

 

“Mesmo no meio das contrariedades da vida e das contradições da história somos chamados a viver este momento com esperança de que um reino de justiça e de paz há de chegar”, disse D. António de Sousa Braga.

 

O responsável pela Igreja nos Açores disse, no entanto, que esta espera não tem de ser sinónimo de resignação.

 

“Temos que ser pacientes mas isso não significa uma resignação passiva de quem cruza os braços, pois quem espera e acredita em Jesus tem de assumir o compromisso, aqui e agora, de contribuir para um mundo melhor”, concluiu.

 

A cerimónia de investidura dos novos membros da Ordem do Santo Sepulcro de Jerusalém decorreu na Sé de Angra, 25 anos depois de ter sido realizada a primeira e única investidura da Ordem na região, que aqui conta com cerca de 10 membros com residência fixa nas duas ilhas mais populosas do arquipélago, São Miguel e Terceira.

 

Foram feitos sete novos Cavaleiros, quatro deles açorianos e os Monsenhores José Avelino de Bettencourt e António Manuel Machado Saldanha e Albuquerque receberam a insígnia de Cavaleiro Comendador.

 

O Pe. João Maria Mendes, um dos mais dinâmicos e antigos membros da Ordem na Região foi promovido a Comendador e Maria Serafina Simões passou a ser Dama de Comenda.

 

A Ordem do Santo Sepulcro de Jerusalém, que em Portugal possui cerca de 260 membros, é uma associação de fiéis leigos aberta aos eclesiásticos, estabelecida com base no Direito Canônico, à qual é confiada, pelo Papa, a missão especial de assistir a Igreja da Terra Santa e de estimular nos seus membros a prática da vida cristã.

 

Nos últimos dez anos a Ordem angariou mais de 50 milhões de dólares, entre os seus membros espalhados pelos cinco continentes (embora em África exista apenas uma Delegação Magistral devido ao número reduzido de membros) para auxiliar a Igreja Católica do Patriarcado Latino, que superintende todas as Igrejas católicas de quatro países do Médio Oriente, sobretudo na construção de escolas, de seminários e de infraestruturas de apoio à minoria católica nestas paragens.

 

O cerimonial desta investidura obedece a um ritual complexo que começou este sábado com uma Vigília e Velada de Armas, com exposição do Santíssimo, bênção das insígnias e capas dos Candidatos e entrega dos diplomas aos Cavaleiros e Damas que foram promovidos, assim como as condecorações concedidas, seguindo-se depois a investidura que aconteceu hoje durante a Solene Eucaristia.

 

As origens da Ordem do Santo Sepulcro remontam à primeira cruzada cristã, quando o seu líder Godofredo de Bulhão, libertou Jerusalém do jugo infiel e em 1103 fundou a Ordem Canónica que tinha como responsável máximo o Rei Balduíno I. A Ordem incluiu sempre membros regulares e seculares bem como militares que se notabilizavam na reconquista cristã.

 

Em meados do século XIX, o Papa Pio IX modernizou a ordem e colocou-a sob a proteção direta da Santa Sé e confiou o seu Governo ao Patriarcado Latino.

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