Bispo de Angra diz que é preciso “Humildade, paciência e testemunho” para acompanhar piedade popular

Segundo tema do Conselho Pastoral Diocesano aponta para a necessidade de uma “pastoral de inclusão”

Incluir a diversidade e aproveitar os valores evangélicos que estão na base da piedade popular é o principal desafio apresentado pelo Conselho Pastoral diocesano no que respeita ao acompanhamento das manifestações populares de fé do povo açoriano, das Festas do Espirito Santo às romarias quaresmais.

O segundo tema proposto para a XI sessão plenária do Conselho Pastoral Diocesano, reunido desde ontem em Ponta Delgada, foi analisado a partir da visita da Imagem da Virgem Peregrina de Fátima, que decorreu entre janeiro e fevereiro desde ano, congregando milhares de açorianos em todos os lugares por onde passou.

“Foi um momento alto de reflexão, gratificante e mobilizador, de comunhão eclesial local, de grito e toque da religiosidade popular local que uniu movimentos e instituições mas que infelizmente não comprometeu as pessoas e que se desvaneceu”, reconhecem as estruturas diocesanas que alertam para o facto de ser necessário “procurar despertar os valores evangélicos que estão na base da piedade popular para promover uma pastoral de inclusão”.

“Ideias lúcidas, humildade, paciência e testemunho são ingredientes que devemos ter presentes no acompanhamento da piedade popular” refere o bispo de Angra que considera que a igreja não pode desvalorizar esta realidade tão característica do povo insular.

“É um valor que tem uma grande capacidade evangelizadora mas que tem de ser acompanhada, mais do que através da formação, naquilo que diz respeito à celebração”, disse D. João Lavrador.

A partir do exemplo da visita da Imagem da Virgem Peregrina, o prelado lembrou que a igreja açoriana tem de ter “a humildade de perceber o que está a falhar e a impedir o compromisso das pessoas”, deixando claro que a solução não passa por uma “imposição de fora para dentro destas manifestações mas da sua compreensão e da valorização “do que é especifico em cada comunidade”.

Um dos aspetos fundamentais, disse D. João lavrador, é levar as pessoas a compreenderem que por detrás do que celebram, seja “o Espírito Santo seja Nossa Senhora de Fátima,  está uma centralidade que é Jesus Cristo”.

A discussão sobre a piedade popular esteve, aliás, muito centrada nas Festas do Divino Espírito Santo, uma realidade muito diversa no arquipélago e que deve ser preservada “nessa diversidade” como, de resto, foi salientado pelo Vigário Geral da Diocese, cuja tese de doutoramento é nesta área.

O sacerdote enquadrou histórica e teologicamente este culto nos Açores e afirmou ser “salutar manter as especificidades de cada uma das manifestações”.

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