III temporada da série Igreja e Sociedade estreou esta quarta-feira na RTP Açores

Foto: Igreja Açores

Primeiro de três programas debateu a problemática das novas periferias nas grandes cidades, com acento tónico nas dependências e nos sem abrigo

Estreou esta quarta-feira na RTP Açores o primeiro de três programas da série Igreja e Sociedade, uma parceria entre o canal público de televisão e o Instituto Católico de Cultura.

“Somos comunidades ativas?” foi a pergunta de partida para um debate que contou com a participação de Piedade Lalanda, diretora do Serviço Diocesano da Pastoral Social, Egla Alves, psicóloga e Helder Fernandes da Associação Novo Dia.
“Somos comunidades ativas ou a responsabilidade social fica só dentro da Igreja” foi o principal ponto em discussão procurando compreender as novas problemáticas existentes nas cidades açorianas, com ramificação já aos meios rurais.

O problema da indigência, dos sem abrigo cada vez mais jovens e as dependências de novas drogas, com efeitos ainda por avaliar de forma sistematizada, foram alguns dos temas em debate, num programa que foi para o ar ontem antes do Telejornal dos Açores e que está disponível na RTP Play.

“A Igreja vive um tempo desafiador, entre a percepção de que há muitos diagnósticos que levantam problemas concretos, alguns deles até fraturantes, e que a colocam em diálogo com o nosso mundo, mas depois fica a ideia de alguma incapacidade de relação com esse mundo” reflete-se numa nota enviada ao Igreja Açores pelo Instituto Católico de Cultura.

Nestes debates a sinodalidade como força motriz da Igreja, a partir da escuta e do diálogo, é o fio condutor de uma série que discutirá,  ainda, a relação dos jovens com a Igreja depois da Jornada Mundial da Juventude de Lisboa e a sinodalidade como modo de ser Igreja.

Nestes programas participam três jovens e três pessoas comprometidas com o processo de sinodalidade da Igreja em geral e da açoriana em particular, nomeadamente a teóloga Cristina Inogès Sanz e o Vigário Episcopal para o Clero e Formação, padre José Júlio Rocha.

Em outubro passado realizou-se a primeira de duas Assembleias sobre o Sínodo, em Roma. Dela saíram uma Carta ao povo de Deus, subscrita pelos leigos participantes e o documento síntese que escalpeliza os temas debatidos pelos mais de 400 membros desta Assembleia entre cardeais, bispos, sacerdotes, religiosos e leigos. Todos participaram e tiveram direito a voto, uma conquista que revelou, pela primeira vez, a igualdade entre todos a partir do seu batismo.

Estes documentos acabam de ser devolvidos às igrejas locais de forma a aprofundarem o processo, a discuti-lo e, mais importante que tudo, a aplicá-lo no quotidiano da sua vivência como cristãos.

O documento, que é uma espécie de caderno de encargos, contém 81 propostas, 20 das quais desafiam a Teologia, a pastoral e até o Direito Canónico.

Estamos em sínodo desde 2021 e na Diocese em caminhada sinodal desde 2019, se não quisermos voltar atrás, a 92, quando terminou o Congresso de leigos, último grande “aggiornamento” do clero e do laicado açoriano.

“Estamos formalmente instados a participar enviando um relatório para a Conferência Episcopal Portuguesa dando nota do estado deste Sínodo sobre sinodalidade nesta porção do território insular. Até porque, na diocese estamos igualmente convocados a Caminhar na Esperança- todos, todos, todos! Até 2034. Até 2025 teremos de perceber que Igreja queremos e que Igreja precisamos e, dentro daquilo que nos é pedido, como podemos ir correspondendo , sendo mais relevantes como Jesus foi no seu tempo”, refere a nota do Instituto Católico de Cultura.

“Será que estamos todos em sintonia com este momento ou achamos que isto é para os teólogos? Compreendemos todos o desafio que nos é proposto? Ou seremos bons apenas no diagnóstico dos problemas e depois fugimos da sua solução? Estaremos todos confortavelmente indiferentes ou preguiçosos diante de um acontecimento que é em Roma e nada tem a ver connosco, com a nossa forma de ser Igreja nem com os nossos problemas concretos? Como comunidades sinodais estamos a fazer tudo em prol dos nossos próximos, sobretudo os que vivem na indigência e são os novos rostos vagueantes das cidades?” são questões levantadas nos três programas.

O próximo sobre a Igreja e os jovens depois da Jornada Mundial da Juventude vai para o ar no dia 15 de maio, antes do Telejornal e o último, sobre sinodalidade, será exibido no dia 29 de maio.

 

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