Bispo de Angra diz que o maior desafio dos cristãos é fazerem o bem mesmo que lhes façam o mal

D. António de Sousa Braga participou este sábado  nas jornadas culturais “Doar é comunicar, comunicar é evangelizar”, organizadas pela Ouvidoria da Ribeira Grande.

O Amor do Cristão é o “que é gratuito” sublinhou o Bispo de Angra esta tarde na Ribeira Grande, durante a realização das Jornadas Culturais sobre comunicação e evangelização organizadas pela Ouvidoria da cidade da costa Norte de São Miguel.

 

 

“Se todos os cristãos pusessem em prática esta perspetiva da mensagem do evangelho não havia qualquer crise e hoje não haveria tantas queixas”, disse o pelado Diocesano no debate que se seguiu à intervenção  de Magda Carvalho, docente da Universidade dos Açores, intitulada “Ser o Outro do Outro: que perspetiva? que desafio?”.

 

D. António de Sousa Braga, remetendo para o Evangelho deste domingo, convidou os cristãos a “não baixarem os braços perante as adversidades” e serem eles próprios os “agentes da mudança fazendo qualquer coisa”.

 

“Este é o verdadeiro sentido da mensagem cristã: amar gratuitamente, dar sem esperar receber”, concluiu o prelado.

 

 

Dra Magda Carvalho

A participação do Bispo de Angra surge na sequência do debate em torno da relação entre os homens a partir das propostas de Emannuel Levinas, apresentadas por Magda Carvalho.

 

Levinas, filósofo de origem judaica, é conhecido como um dos grandes pensadores da alteridade, cujo o “rosto” é a base da sua ética.

 

De acordo com o autor o “rosto” é o modo como o outro se apresenta ao eu.

 

“O Outro é aquele perante quem eu tudo posso e a quem eu tudo devo: sou refém da responsabilidade que tenho perante ele, mas ele é fonte de riqueza porque me dá oportunidade para que eu possa viver autenticamente como ser humano”, disse a docente universitária.

 

Na linguagem de Levinas, a ética deve ser entendida a partir do serviço profético no qual a justiça e a igualdade social são estabelecidas na relação em que o eu é sempre o primeiro a responder pelo outro e por toda a humanidade.

 

No essencial, trata-se de discutir justamente o problema da humanidade: como se estabelecem as  relações e como é que o homem pode praticar o bem, tendo sempre em conta o seu semelhante numa perspetiva de acolhimento e de serviço.

 

Mais do que contemplar o outro, o que se pede é que sejamos responsáveis por ele.

 

“Ser responsável por aquilo que eu não disse, por aquilo que eu não fiz, por aquilo que não me diz respeito, por aquele que não sou eu”, concluiu Magda Carvalho.

 

A investigadora e docente universitária sublinhou ainda, que esta é “a atitude de um verdadeiro cristão: dar sem esperar o retorno”.

 

Magda Carvalho foi uma das oradoras nas Jornadas Culturais, organizadas pela Ouvidoria da Ribeira Grande, no âmbito das iniciativas para o ano pastoral dedicado à comunicação Social e à Evangelização.

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