Bispos da União Europeia apelam ao voto

Comissão dos Episcopados Católicos publica declaração para as eleições de maio, pedindo participação dos cidadãos e defesa do «projeto» comunitário.

A Comissão dos Episcopados Católicos da União Europeia (COMECE) publicou hoje uma declaração para as próximas eleições europeias, que vão decorrer em maio, pedindo a participação dos cidadãos e a defesa do “projeto” comunitário.

 

 

“Nós, bispos católicos, apelamos a que o projeto europeu não seja posto em risco ou abandonado na presente situação de dificuldades. É essencial que todos nós – políticos, candidatos, todos os interessados – contribuamos de forma construtiva para moldar o futuro da Europa”, refere o documento, enviado hoje à Agência ECCLESIA.

 

As eleições para o Parlamento Europeu vão decorrer em Portugal no próximo dia 25 de maio, por decisão do presidente da República, anunciada esta quarta-feira ao país.

 

“Temos demasiado a perder se o projeto europeu descarrilar. É essencial que todos nós, cidadãos europeus, compareçamos nas urnas de 22 a 25 de maio”, alerta a COMECE.

 

Os responsáveis católicos pedem que os candidatos a eurodeputados “estejam cientes dos danos colaterais da crise económica e bancária iniciada em 2008”.

 

A COMECE convida ao debate sobre as “questões socioeconómicas centrais” que irão moldar a União nos próximos anos e lembra os milhões de jovens cidadãos que vão votar pela primeira vez, “estudantes, no mercado de trabalho ou, muitos, infelizmente, desempregados”.

 

Segundo os bispos, o voto deve seguir os “ditames de uma consciência informada” numa eleição que vai “configurar” o Parlamento Europeu para os próximos cinco anos e “terá grandes implicações para aqueles que vão conduzir a União”.

 

“É essencial que os cidadãos da UE participem no processo democrático, por meio do seu voto no dia das eleições. Quanto mais forte a participação eleitoral, mais forte sairá o novo Parlamento”, sublinham os prelados.

 

A mensagem recorda o aumento de “novos pobres” e defende a promoção de uma “cultura de moderação” que deve “inspirar a economia social de mercado e a política ambiental”.

 

“Temos de aprender a viver com menos e procurar que as pessoas em situação de pobreza real participem de uma forma mais equitativa na distribuição dos bens”, pode ler-se.

 

A COMECE retoma algumas das convicções fundamentais da Igreja Católica, frisando que “a vida humana deve ser protegida desde o momento da conceção até à morte natural” e que a família “deve gozar também da proteção de que necessita”.

 

A declaração elenca temas como o drama dos imigrantes, a necessidade de proteger o meio ambiente, a defesa da liberdade religiosa e do descanso dominical, as alterações demográficas e a crise económica.

 

Esta crise, referem os bispos, provocou “a pobreza crescente de um grande número de cidadãos e a frustração das perspetivas de futuro” de muitos jovens.

 

“A situação é dramática, para muitos até mesmo trágica”, alertam.

 

A COMECE está reunida em assembleia plenária, até sexta-feira, em Bruxelas.

 

Os trabalhos foram inaugurados pelo presidente do organismo, o cardeal alemão D. Reinhard Marx, que lembrou a necessidade de dar um “fundamento ético à política” e destacou os desafios levantados à UE pela atual crise nas relações Ucrânia-Rússia.

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