Comissão Justiça e Paz apela à “frugalidade” da vida

Quaresma começa hoje

A Comissão Nacional Justiça e Paz (CNJP) apelou que os católicos, na quaresma que hoje se inicia, escolham “uma frugalidade de vida” em contraponto ao convite “ao consumo desenfreado” com que se deparam no dia a dia.
“Tenhamos consciência de que os recursos do planeta são limitados, portanto há que usar responsavelmente aquilo que nos foi dado; façamos face às alterações climáticas através do compromisso com uma vida mais simples, reduzida ao essencial, em que deixar de ‘ter’ se pode transformar numa forma de ‘ser’ mais e melhor”, exorta a CNJP numa mensagem hoje publicada na sua página na Internet.
A escolha do “decrescimento” como forma de fazer face ao “crescimento desenfreado” é o caminho apontado pela Comissão Nacional Justiça e Paz, organismo dependente da Conferência Episcopal Portuguesa (CEP).
Na mensagem, a CNJP enumera também as coisas de que os cristãos podem “prescindir, na consciência de que há muitos que não possuem nada”.
“Ultrapassemos um cuidado excessivo do corpo e da saúde, das dietas de última moda, para pensar em tantos que passam fome e que não têm o essencial para viver. Exercitemos a prática do jejum em contraponto a verdadeiras ‘orgias’ na forma como lidamos com os alimentos, com os objetos, com a palavra (e o maldizer), com aquilo que consumimos (por exemplo o abuso dos telemóveis e das redes sociais)”, escreve a CNJP.
Esta comissão, liderada por Pedro Vaz Pato, alerta também que hoje se vive um tempo em que as pessoas se confrontam “de uma forma opressiva com a (…) imagem”.
“Usamos de forma pervertida os meios de comunicação social para sublinhar essa imagem. No Facebook ou noutras redes sociais alimentamos narcisistamente o nosso ‘eu’”, sublinha.
Por outro lado, adverte para o facto de em Portugal abundarem “os casos de corrupção a tantos níveis, da pequena à grande corrupção”.
“Ajoelhamo-nos face ao dinheiro, essa grande tentação? Que dizemos da fuga desenfreada aos impostos que são apenas o dinheiro que pomos em comum para as nossas necessidades coletivas?”, questiona, para concluir que “fugir aos impostos é claramente uma omissão”.
A CNJP refere-se ainda ao encontro que se realizará em Assis, na Itália, entre 26 e 28 de março, subordinado ao tema “A Economia de Francisco”, onde o Papa vai encontrar-se com jovens para “traçar as linhas de uma verdadeira ‘economia de comunhão em contraponto à economia do capital’”.
No documento divulgado no dia em que os católicos iniciam a quaresma, período de 40 dias que antecede a Páscoa, principal festa do calendário cristão, a Comissão Nacional Justiça e Paz alerta também para a situação de Portugal, “um dos países europeus onde existe maior discrepância entre os mais ricos e os mais pobres”, para concluir que “o dinheiro deve circular, senão queima as (…) mãos. O dinheiro tem que necessariamente ser partilhado”.
(Com Lusa)
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