Cristãos chamados a «apoiar políticos» que defendam medidas «mais favoráveis» às famílias

Contexto atual marcou encontro do setor em Fátima

O Secretariado Nacional da Pastoral Social dedicou o seu encontro anual em Fátima ao tema “Família e transformação social” e à encíclica ‘A Alegria do Amor’ do Papa Francisco, para reforçar o debate sobre os problemas das famílias.

Em entrevista à Agência ECCLESIA, o diretor do SNPS, padre José Manuel Pereira de Almeida, salienta que “ninguém se pode resignar às circunstâncias como se elas fossem uma fatalidade” e cabe aos cristãos recorrerem a todas as ferramentas que têm à disposição, sejam elas pastorais ou mesmo “políticas”.

“Nós também temos que apoiar os políticos que defendem posições que nos parecem ser mais favoráveis à transformação do mundo tal como o concebemos”, apontou o sacerdote.

Na encíclica “A Alegria do Amor”, o Papa Francisco aborda questões como a fragilidade das famílias, o trabalho, a educação dos filhos, a importância de preservar o valor da família e a dignidade das pessoas, perante a atual conjuntura social, económica e cultural.

“Não é que nós tenhamos agora uma verdade no bolso para a exportar, é perceber que os desafios são mesmo para levar adiante. Não vivemos já no mundo que sonhamos mas é nesse sentido que temos que ir, de um mundo mais junto e mais fraterno, com tempo para as pessoas, onde os números valham menos do que a dignidade de cada um”, frisa o padre José Manuel Pereira de Almeida.

No âmbito dos seus encontros anuais, o SNPS tem apostado na publicação em parceria com a Editorial Cáritas, das reflexões e debates retirados dos documentos do Papa.

Depois da publicação, em 2016, do primeiro volume do ‘Pensamento Social do Papa Francisco’, subordinado ao tema “A dimensão social do anúncio do Evangelho. Desafios do Papa Francisco”, foi lançado esta quarta-feira o segundo volume, dedicado à encíclica ‘Laudato si – Cuidado pela Casa Comum’.

A apresentação esteve a cargo do professor Juan Ambrósio, especialista em Teologia da Universidade Católica Portuguesa, para quem a encíclica ‘Laudato si’ faz parte de “uma estratégia”, de um “itinerário” que tem sido definido ao longo do pontificado do Papa argentino.

“Vivemos num mundo muito conturbado, de mudança paradigmática em que as pessoas tendem a ficar um pouco perdidas, para onde vamos, parece que não vemos o caminho com clareza. E encontro nas propostas do Papa Francisco um projeto com pontos bem marcados: por um lado renovar a Igreja e por outro cuidar da Casa Comum” que é a Terra, explicita o teólogo.

No que diz respeito à revitalização das estruturas da Igreja Católica, Juan Ambrósio frisa que a base da mensagem do Papa está na exortação apostólica ‘A alegria do Evangelho’.

Um documento onde Francisco diz que “quer uma Igreja renovada, em saída, atenta às periferias, uma Igreja que não seja autorreferencial”.

Já no que toca às questões mais ecológicas, com a encíclica ‘Laudato si’ o Papa argentino veio sublinhar que “todos somos responsáveis” pela salvaguarda do planeta e dos seus habitantes, “onde haja lugar para todos”.

Sobre a encíclica ‘A Alegria do Amor’, que dominou os trabalhos deste ano, Juan Ambrósio considera que ela uma síntese dos dois documentos anteriores, em ordem à “transformação do mundo”.

“Qual é a realidade humana que simultaneamente habita a comunidade eclesial e a comunidade humana e que pode, portanto, pautar esta transformação da Casa Comum? É a família!”, conclui aquele responsável.

O encontro anual do Secretariado Nacional da Pastoral Social, que decorre até esta quinta-feira no Steyler Fátima Hotel, conta com a participação de cerca de 300 pessoas inscritas, entre responsáveis e representantes de Cáritas diocesanas, Misericórdias, centros sociais, conferências vicentinas e outras instituições do setor.

 

(Com Ecclesia)

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