Cristãos chamados a proclamar a Ressurreição e a torná-la presente nos gestos e ações do quotidiano

Vigília Pascal reúne cristãos em Angra, numa celebração transmitida em sinal aberto pela televisão pública dos Açores

A celebração da Vigília Pascal convida à realização de um itinerário de vida cristã que nos convoca não só à proclamação da ressurreição de Cristo mas também a “torná-la presente nos nosso gestos e a transformar o mundo onde vivemos” afirmou esta noite, na homilia da Vigília Pascal, D. João Lavrador.

O bispo de Angra, que presidiu a todas as grandes celebrações desta Páscoa na catedral, já com a presença de fieis, embora debaixo das regras de segurança sanitárias, sublinhou que é a partir do batismo, e “da água regeneradora” que podemos “saborear toda a riqueza de graça e de vida nova que dimana do Ressuscitado e que impregna a nossa existência, pessoal e comunitária de alegria, de festa e plenitude de sentido para a história pessoal e comunitária”.

Para D. João Lavrador apenas a boa nova da ressurreição transporta a “novidade” que interessa ao mundo e na água batismal que, nesta noite é evocada, apresenta-se como a água da regeneração.

“A beleza da liturgia desta noite fez-nos contemplar a água baptismal pela qual renascemos para a Vida Nova de Ressuscitados e fomos convidados a renovar as promessas baptismais para de forma consciente afirmarmos a comunhão com Deus que se revela no Seu amor infinito vivido e partilhado na Trindade Santíssima mas comunicado a todos aqueles que se deixam banhar nas águas da regeneração” afirmou.

“É neste entrecruzar do esforço humano e da revelação divina que podemos alcançar a luz que nos faz saborear a Ressurreição de Jesus de Nazaré” frisou ao destacar que a experiência do ressuscitado que todos os batizados fazem tem uma implicação concreta: a missão.

“A experiência da Ressurreição não ficaria completa se não cumpríssemos com as exigências da voz celeste que obriga a sair e caminhar ao encontro dos outros discípulos para lhes anunciar o que tinham visto e o que lhes tinham comunicado”, esclareceu.

“Estamos disponíveis para estabelecer uma relação de amor e de comunhão com Jesus de tal forma que nos faça ver o invisível?”, interpelou, por outro lado, D. João Lavrador na homilia da Missa transmitida pelos meios de comunicação social e digital para milhares de açorianos residentes nos Açores e na diáspora.

“O vigor e audácia, o entusiasmo e dinamismo evangelizador da comunidade no seu todo e de cada baptizado só poderão advir de uma profunda experiência de Vida Nova que brota do encontro com o Ressuscitado. Por isso, não tenhamos medo, uma vez sentindo a presença de Jesus Cristo Vivo nas nossa vidas não hesitemos em testemunha-Lo nas diversas situações do mundo de hoje”, concluiu.

A homilia do prelado terminou com o endereçamento de votos de Páscoa aos diocesanos, seja os residentes no arquipélago seja os residentes na diáspora.

A solene Vigília Pascal é a celebração mais importante do tríduo que a Igreja acaba de celebrar, no final da Semana Santa.

Cinco elementos compõem a liturgia da Vigília Pascal: a bênção do fogo novo e do círio pascal; a proclamação da Páscoa, que é um canto de júbilo anunciando a Ressurreição do Senhor; a série de leituras sobre a História da Salvação; a renovação das promessas do Batismo, por fim, a liturgia Eucarística.

A Vigília começa com um ritual do fogo e da luz que evoca a ressurreição de Jesus (parte que é omitida este ano por causa da pandemia covid-19); o círio pascal é abençoado, antes de o presidente da celebração inscrever a primeira e a última letra do alfabeto grego (alfa e ómega), e inserir cinco grãos de incenso, em memória das cinco chagas da crucifixão de Cristo.

A inscrição das letras e do ano no círio são acompanhadas pela recitação da fórmula em latim ‘Christus heri et hodie, Principium et Finis, Alpha et Omega. Ipsius sunt tempora et sæcula. Ipsi gloria et imperium per universa æternitatis sæcula’ (Cristo ontem e hoje, princípio e fim, alfa e ómega. Dele são os tempos e os séculos. A Ele a glória e o poder por todos os séculos, eternamente).

A liturgia da Palavra propõe sete leituras do Antigo Testamento, que recordam “as maravilhas de Deus na história da salvação” e duas do Novo Testamento: o anúncio da Ressurreição segundo os três Evangelhos sinópticos (Marcos, Mateus e Lucas), e a leitura apostólica sobre o Batismo cristão.

A liturgia batismal é parte integrante da celebração, pelo que mesmo quando não há qualquer Batismo, se faz a bênção da fonte batismal e a renovação das promessas.

Do programa ritual consta, ainda, o canto da ladainha dos santos, a bênção da água, a aspersão de toda a assembleia com a água benta e a oração universal.

Scroll to Top