Cristo é a “pedra angular” da Igreja

Diocese de Angra assinala 480 anos da Bula Equum Reputamus, assinada pelo Papa Paulo III a 3 de novembro de 1534

Jesus Cristo é “a pedra angular” do edifício espiritual que é a Igreja e nada se deve sobrepor, disse esta tarde o Bispo  de Angra na Eucaristia que assinala o aniversário dos 480 anos da fundação da Diocese, durante a qual apresentou os 12 novos cónegos capitulares que formarão o  Cabido da Sé, agora retomado, que contará com 13 cónegos, um deles nomeado ainda no tempo de D. Aurélio Granada Escudeiro.

Usando as palavras do beato Paulo VI na 2ª sessão do Concílio Vaticano II, D. António de Sousa Braga disse que “nenhuma outra luz resplandeça que não seja Cristo”; “nenhuma outra verdade e interesse domine o nosso espírito que não seja a Palavra do Senhor” e que “nenhuma outra aspiração nos guie, que não seja o desejo de Lhe ser totalmente fiel”.

No dia em que a Diocese inicia a sua semana diocesana, com uma série de eventos programados para identificar e aprofundar um conhecimento das periferias existenciais dos Açores, repartidos entre as ilhas Terceira (hoje) e São Miguel(6,  7  e 9 de novembro), o responsável pela igreja nos Açores fez um apelo para os açorianos que são cristãos renovarem a sua fé na igreja.

“Às vezes ouve-se por aí: `Cristo sim; a Igreja não´. Celebrar o Dia da Diocese constitui um apelo a renovar a nossa fé na Igreja. A fé não se reduz a um relacionamento meramente pessoal com Cristo, sem referência à  Igreja. A fé não um ato privado. Recebemos o dom da fé, pela mediação da Igreja, que transmite a fé que recebeu”, disse o prelado diocesano.

Sem descurar a ideia de que a fé “é um ato pessoal, porque é escolha livre”, D. António de Sousa Braga insiste que se trata, ao mesmo tempo, “de um ato comunitário e eclesial, na medida em que acreditamos como comunidade e na comunidade cristã. Por isso, não tem sentido afirmar: “ Eu cá tenho a minha fé”. A nossa é a fé da Igreja e na Igreja”, salienta.

Por isso, desafia os cristãos a dizerem “com toda a convicção: Creio na Igreja e nesta Igreja concreta que é a Diocese, fundada quase há cinco séculos”.

O Bispo de Angra pede, ainda, aos açorianos que “sejam igreja”, participando e “envolvendo-se e comprometendo-se”.

Repetindo uma ideia já avançada noutras ocasiões, o prelado diocesano lembrou, também, que a Diocese “não é uma espécie de provincia” da Igreja Universal.

“Na Igreja diocesana está e opera toda a Igreja de Cristo. Como em cada fragmento de hóstia está presente todo o Corpo de Cristo, assim em cada Igreja Particular está presente e atuante a única Igreja de Cristo”, afirma D. António de Sousa Braga.

“Numa situação-limite, uma Diocese poderia não ter paróquias, nem comunidades religiosas, nem associações, nem movimentos. Mas, para ser a Igreja de Cristo, não podem faltar: o Evangelho e a Eucaristia, o Espírito Santo e o Bispo, que garante a comunhão com a Igreja, mediante o Ministério da Síntese prolongado pelo Presbitério e envolvendo todos batizados e crismados. Todos são chamados a ser Igreja”, conclui.

Durante a celebração foram, ainda, anunciados por D. António de Sousa Braga os nomes dos 12 novos cónegos que integram o reformulado Cabido da Sé que integra agora 13 cónegos capitulares, dois deles residentes fora da Terceira, o que constitui uma novidade.

A Diocese de Angra foi fundada a 3 de novembro de 1534 pela Bula Equum Reputamus, assinada pelo Papa Paulo III,  situando a Sé na jovem cidade que lhe deu o nome, na Ilha Terceira.

Até essa data, os Açores integravam a Diocese do Funchal, que um ano antes tinha  passado a Arquidiocese, e a de Angra passa a ser sufragânea desta até à sua extinção como Arquidiocese, passando depois a fazer parte da Província eclesiástica de Lisboa, situação que permanece até aos dias de hoje.

A organização religiosa do arquipélago, como as restantes terras do além-mar português então descoberto, começaram por estar sujeitas à jurisdição espiritual da Ordem de Cristo, exercida pelo vigário nullius de Tomar, que mandava visitar as ilhas por representantes, os chamados bispos de anel. Ao ser criado o bispado do Funchal (1514), o arquipélago açoriano passou a integrá-lo

A pedido de D. João III de Portugal, o papa Clemente VII, ainda, criou o bispado de São Miguel (1533), mas faleceu antes da bula respetiva ter sido expedida.

No ano seguinte, o recém-eleito papa Paulo III pela Bula Equum reputamus erigiu o bispado de São Salvador do Mundo, dando-lhe por catedral a igreja do mesmo nome na cidade de Angra.

A diocese tem 166 paróquias ou equiparadas, concentradas em 16 ouvidorias, 161 sacerdotes diocesanos e seis diáconos permanentes. Oito das ouvidorias estão em São Miguel; as restantes correspondem à realidade de ilha, sendo que a mais pequena ouvidoria é a do Corvo e a paróquia mais pequena (30 habitantes) localiza-se na ouvidoria das Flores.

A diocese de Angra conta, ainda,  com a presença de 15 institutos religiosos, 3 deles masculinos e os restantes femininos.

D. António de Sousa Braga é o 38º Bispo de Angra e o segundo natural dos Açores. O seu ministério episcopal leva 18 anos.

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