D. Amando Esteves Domingues desafiou os diocesanos a serem “pontes de esperança”, construtores de “diálogo” e de “unidade”

Foto: Igreja Açores

A partir do exemplo de São Sebastião, padroeiro de Ponta Delgada, pediu combate contra a indiferença diante dos mártires “das muitas fomes, do Covid 19 e todas as pestes e guerras que humilham a humanidade” ou que são vítimas “da tentação totalitária”

O bispo de Angra presidiu esta tarde à festa de São Sebastião, padroeiro da maior cidade dos Açores, e exortou os açorianos a serem “pontes de esperança uns entre os outros”.

“Estas pontes de serviço que criam unidade têm que ser as pessoas” afirmou D. Armando Esteves Domingues na reflexão que fez durante a homilia da missa da festa de São Sebastião em Ponta Delgada, que este ano uniu todas as ouvidorias da ilha de São Miguel num gesto de boas vindas ao novo prelado.

“Esta ponte serve os outros, une homens e mulheres das duas margens, convida-os a não ficarem sempre parados e fechados, possibilita encontros novos e ricos, traz desenvolvimento” esclareceu o novo bispo de Angra, que há uma semana entrou solenemente na diocese.

“A ponte une margens para não haver marginalizados, olha os passantes como parte de si mesmo, até os desconhecidos, serve a todos e, não menos importante, contribui para que todos sejam servidos de igual forma” acrescentou, sublinhando que o mundo precisa de “de mulheres e homens que sejam pontes, como Cristo e os seus santos! Como o Glorioso São Sebastião”.

Na reflexão, feita a partir de uma frase de Pedro na segunda leitura deste domingo (1ª epístola de São Paulo aos Coríntios), D. Armando Esteves Domingues lembrou que os santos são “ pontes a unir a história” no presente e modelos para a vida cristã numa paróquia, cidade ou país e continuam a “contar as razões da sua esperança”, sejam os que estão nos altares sejam os santos de ao pé da porta (expressão do papa Francisco), “pais e mães, colegas de escola ou de trabalho, simpáticos ou até antipáticos, sem abrigo ou criminosos” que “alimentam a esperança em Deus “.

“É por tudo isto que a nossa cidade de Ponta Delgada está hoje em festa, celebrando o Padroeiro desta Matriz e da cidade. Dele recebemos a implorada e desejada proteção, mas também uma suprema lição, que não se resume a uma história contada, mas passa pela doação da própria vida, porque só com a vida que se dá se pode ser ponte na história”, disse ainda o prelado.

Durante a homilia deste domingo, D. Armando Esteves Domingues lembrou ainda a necessidade de oração pela unidade dos cristãos, num tempo, que tal como no passado é marcado pela perseguição e pela tentação do “pensamento único e intocável”, mas também pela indiferença.

“Nunca como hoje, houve tanta perseguição de cristãos. E não são só cristãos, são também os diferentes, os de outra religião, como os de outra cor, país ou cultura. Estão a renascer os totalitarismos onde tantos de pensamento frágil são manipulados”, afirmou lembrando os “mártires das muitas fomes, do Covid 19 e todas as pestes e guerras que humilham a humanidade”.

“Quem é hoje e que nos diz São Sebastião? É um jovem leigo, comprometido e destemido num tempo parecido com o nosso: era e são precisos novos evangelizadores que empapem o mundo com a “alegria do Evangelho”, voltem a dar ânimo aos cristãos adormecidos, indiferentes, amorfos e de vida insossa!” disse.

“Precisamos de jovens e adultos insatisfeitos e que, como ele, se metam ao caminho em busca de Jesus vivendo a sua vocação no mundo. Que queiram caminhar sempre”, concluiu o prelado, formulando um desejo: “que sejamos sempre cidade e diocese de diálogo; que quem ama a Deus encontre em cada um de nós um irmão de caminho”.

Durante a celebração foram oferecidos oito cabazes, um por cada ouvidoria, que serão depois entregues a famílias carenciadas.

Para o ouvidor de Ponta Delgada, monsenhor José Constância, este momento de festa, deve ser transformado “numa primavera pastoral” para toda a diocese.

“Senhor D. Armando acolhendo-o com o coração queremos construir toda a Igreja de Cristo, uma igreja renovada ao serviço do reino de Deus em todas as ilhas, mas especialmente nesta ilha de São Miguel, com o peso humano e eclesial que têm os Açores”, disse o sacerdote.

“Nove ilhas uma só Igreja: uma mas diversa, unida mas plural” afirmou o decano do Colégio de Consultores.

“Benvindo à nossa diocese, benvindo à nossa ilha, à nossa ouvidoria e a esta paróquia. Obrigada pelo sim generoso, dado para pastor da Igreja dos Açores, pelo serviço episcopal tão bem começado e que queremos que seja uma primavera pastoral para todos os açorianos”.

Também o pároco da Matriz de São sebastião, padre Nemésio Medeiros, dirigiu umas palavras no final ao novo prelado falando em “alegria” e “esperança”. Depois dos agradecimentos pela presença e apoios diversos às obras do novo Centro Paroquial, ofereceu ao bispo de Angra a edição fac-similada das “Saudades da Terra”,com que a editora Letras Lavadas assinalou os 500 anos de Gaspar Frutuoso.

Durante esta semana o bispo de Angra permanecerá em São Miguel, onde participará no primeiro turno do retiro anual do clero diocesano. Na quarta-feira, dia 25, estará no lançamento do livro D. José Paulo Tavares- O bispo diplomata” da autoria de António Pedro Costa, em Rabo de Peixe. No domingo deslocar-se-á à lagoa para participar no retiro anual dos Romeiros de São Miguel.

(Com P. José Encarnação Cabral)

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