Diocese de Angra apostada em “ir ao encontro das famílias”

D. António de Sousa Braga faz balanço do ano pastoral, quando se preparara para completar 19 anos de episcopado no próximo dia 30

O Bispo de Angra elege a Família como uma das prioridades diocesanas para o próximo ano, sobretudo as que se encontram desestruturadas e para as quais a igreja “tem de estar disponível para ir ao seu encontro”, a partir dos mais jovens, “nomeadamente dos filhos que estão na escolas e na catequese”.

A dois dias do fim do ano pastoral diocesano (dia 28 de junho) que teve como mote “Da Alegria do Evangelho à saída missionária da Igreja” e de completar 19 anos de episcopado, D. António de Sousa Braga faz um balanço positivo do ano que agora termina e deixa pistas para o futuro.

“Não foram alcançados todos os objetivos mas das propostas programáticas fizemos algo inovador: conseguimos identificar, sinalizar e perceber algumas periferias existentes na nossa diocese que vão para além dos pobres que pedem esmola na rua”, disse o Bispo de Angra sublinhando que se trata de um “processo” e por isso “o trabalho não se esgota num ano”.

O que é importante, diz o responsável pela Igreja Católica nos Açores é que “não nos desencorajemos de prosseguir este trabalho que desde o inicio sabíamos que era difícil e possivelmente doloroso, em certa medida, até para a própria igreja diocesana”. Mas, é “para esta inquietação que o Papa nos desafia e por isso, julgo que estamos no caminho certo”.

“Nós às vezes caímos no erro de programar atividades para um ano e acharmos que fica tudo feito. Este é um processo longo e demorado e temos de o encarar assim: sem pressas” explicitou D. António de Sousa Braga reconhecendo que alguma lentidão “pode desencorajar mas não podemos deixar que isso aconteça”.

De acordo com o Bispo de Angra este ano foi “um desafio ao nosso auto conhecimento”; agora “temos de o prosseguir” com “ações concretas”, nomeadamente ao nível “da pastoral, sobretudo a familiar”.

O próximo ano será marcado pelo Encontro Mundial das Famílias e pelo Sínodo; haverá também uma carta pós sinodal e isso vai fazer, diz o Bispo de Angra, com que a família volte a ser um dos temas do ano.

“Temos de olhar para as famílias e perceber que hoje muitas delas constituem uma periferia e nós temos o dever de apoiar sobretudo as crianças dessas famílias ou porque as seguimos na escola ou porque elas estão na catequese”, diz  D. António Sousa Braga reforçando a ideia de que “através dos filhos podemos chegar aos pais”.

“Nós temos as crianças na mão; temos de as envolver nas comunidades pois de outra forma ficamos com uma catequese teórica sem consequência na ação ou expressão na comunidade porque os jovens acabam o seu percurso e afastam-se da igreja”, disse ainda o Bispo de Angra.

A “isto se chama passar de uma igreja clerical para uma igreja ministerial, com mais leigos e, sobretudo, com mais leigos bem formados”.

“Espero que as comunidades se esforcem para utilizarem os meios necessários para desenvolver uma pastoral familiar, indo ao encontro das pessoas, promovendo uma verdadeira  conversão pastoral e missionária que não pode deixar as coisas como estão”, conclui.

O Bispo de Angra aproveitou ainda esta entrevista para deixar claro que è necessária alguma serenidade” para este momento que a diocese atravessa.

“Estamos numa situação transitória, eu estou em fim de mandato e já não tenho muita saúde” disse D. António lembrando que há muito que este processo está em curso e “toda a gente tem de saber esperar com total serenidade, porque há decisões que não dependem de nós”.

“Há muito que se está a preparar a minha substituição; o processo está em curso e embora por vezes sinta que não há serenidade suficiente é preciso ter calma porque Roma e Pavia não se fizeram num dia”, diz D. António de Sousa Braga lembrando que entre julho e agosto, “a maioria dos serviços em Roma está encerrada”. Por isso, diz o prelado “é preciso aguardar respeitando o tempo das coisas sem nos inquietarmos demais”.

O ano pastoral, que  termina no dia 28 de junho, teve como desafio a identificação das periferias existenciais no arquipélago dos Açores, tendo por base a Alegria do Evangelho, promovendo uma saída missionária da igreja diocesana.

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