“Esperamos, quem sabe um dia, poderemos celebrar a elevação deste Santuário a Basílica”, afirmou D. José Bettencourt

O arcebispo açoriano afirmou que  a imagem  do Senhor Santo Cristo dos Milagres tem sido uma referência constante da “história e epopeia açoriana”.

O núncio apostólico da Santa Sé na Arménia e na Geórgia deixou esta manhã o desejo de um dia poder ser celebrada a elevação do Santuário do Senhor Santo Cristo a Basílica dada a importância deste culto que tem sido uma referência constante da “história e epopeia açoriana”.

“Esperamos, quem sabe um dia, poderemos celebrar a elevação deste Santuário a Basílica”, afirmou D. José Bettencourt na homilia da missa campal, concelebrada por três bispos e muitos presbíteros, na sua esmagadora maioria açorianos, esta manhã no Campo de São Francisco em Ponta Delgada.

“A imagem do Ecce Homo, eis o homem, em forma de relicário e sacrário, transmite a mensagem essencial do Evangelho, do Cristo ontem, hoje e sempre. Para o crente, o Senhor Santo Cristo dos milagres é uma presença, um sinal, uma continuidade, um conforto e uma permanência de Deus entre o seu povo”, declarou o núncio apostólico (representante diplomático da Santa Sé) na Arménia e Geórgia, durante a homilia da Missa a que presidiu no campo de São Francisco.

O responsável falou no “dia maior dos Açores’, assinalando o 60.º aniversário da elevação a santuário diocesano deste lugar de culto.

“Deus, na sua providência, e a Igreja, na sua missão, aqui nos Açores”, referiu, “trouxeram para esta ilha, para este arquipélago, uma imagem, a do Senhor Santo Cristo dos Milagres, imagem e mensagem que têm presidido à história e à epopeia açoriana com um culto que remonta aos primórdios do seu povoamento”.

O prelado que preside às festas do Senhor Santo Cristo associou-se  ainda ao pedido de oração do Reitor para que através da “força da oração possamos elevar Madre Teresa aos altares da Igreja” a beata e depois a Santa.

O diplomata da Santa Sé, que começou a homilia a partir da sua própria história de vida- um jovem que partiu com a família para o Canadá há 54 anos ; como emigrante rezou várias vezes ao Santo Cristo; aqui regressou como Romeiro e hoje, vindo do Oriente, “não como Mago mas como Peregrino”, aqui está “grato pelo convite” para presidir a estas festas- sublinhou a importância deste culto para milhares de fieis que aqui já se ajoelharam. Por isso, interpelou: “que este santuário seja uma fonte de fortalecimento da fé, reunindo numa irmandade mundial os devotos do Senhor Santo Cristo”.

A partir da liturgia deste domingo do Senhor Santo Cristo, o prelado lembrou que “não podemos trair a amizade de Jesus” mesmo quando alguém se sente abandonado por Ele, pois o Seu amor é o “maior ato de perdão e reconciliação”.

A intervenção sublinhou que “milhares e milhares de pessoas” se ajoelharam diante da imagem do Senhor Santo Cristo, ao longo dos séculos, indicando que o rosto de Cristo sofredor mostra que a glória de Jesus “não é deste mundo”, mas está “na crucificação e morte”, longe das ideias de “vaidade, riqueza, poder e soberba”.

“A glorificação de Deus, a vitória de Deus, abraço o universo, espiritual e físico”, apontou.

“Para o crente Ele é o sinal, uma presença, uma continuidade, um conforto e uma presença de Deus no seu povo. Ele está sempre presente, nos tempos e contratempos, nas venturas e nos infortúnios, na velhice, na saúde, na doença e na vida”, afirmou ainda.

“Mudam-se os tempos, a história, os homens, a geografia mas aqui o Senhor Santo Cristo é constante: ele preside a Cristo ontem, hoje e sempre”, enfatizou, convidando os fieis a favorecerem, através de um compromisso ativo “numa melhor comunhão cristã na família e no mundo” em vez de se ficarem apenas pela contemplação de uma imagem.

“O fiel pára diante do seu Senhor, do seu olhar terno e amoroso, sente a emoção”, mas “pergunto: quantos escutam esta mensagem no quotidiano, nas suas vida, depois de arrumar as festas”, interpelou.

“Além dos tributos, dos ciríos, das flores, dos tapetes quantos têm a força e a coragem de ouvir a mensagem de reconciliação e de amor para ouvir esta mensagem, sem limites, sem tempo e sem fronteira e sem medo. Quantos nos aproximamos Dele?” insistiu.

“Hoje, tendes razão para ter receio pois se pararmos diante do Senhor Santo Cristo Ele vai querer mais de nós; que amemos mais os doentes, os idosos, os pobres, os marginalizados os que estão encarcerados, mesmo os nossos inimigos”, concluiu.

A homilia evocou o mandamento do amor, deixado por Jesus, que convida a “dar a própria vida pelos outros”.

“Amar é uma decisão quotidiana, é saber perdoar todos os dias, é dar a vida. O amor vence a morte, o amor é vida”, acrescentou lembrando que a Nova Jerusalém “é a meta da história humana” e “está em todo o lado onde as pessoas se dispõem a construir a paz e a fraternidade”, disse ainda.

Por isso, “Ponta Delgada é hoje a nossa nova Jerusalém. Não devemos temer as nossas provações na vida. Amar no sentido cristão não é uma emoção nem um estado de sentimentos, nem de força de vontade. Amar é ir além do que sobra e do que é justo e cómodo, é uma decisão quotidiana, é saber perdoar todos os dias, é dar a vida, amar, vencer a morte. Amar é vida”, disse.

Esta concelebração começou depois da procissão com a Imagem desde a Igreja de São José, onde pernoitou em vigília, até ao adro da Igreja do Santo Cristo, com um agradecimento do Reitor do Santuário a todos os que colaboraram nesta festa por intercessão do Senhor Santo Cristo.

Esta tarde a procissão solene sairá às 15h30 percorrendo todas as ruas principais da cidade de Ponta Delgada, com a imagem a ser acompanhada por milhares de fieis. Também se incorporarão na procissão as várias ordens profissionais, num gesto de veneração a este culto com mais de 300 anos.

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