Fundação disponível para trabalhar com Junta das Calhetas na recuperação da Casa Amarela

A Obra de Socorro Nossa Senhora das Mercês quer alargar ajuda a famílias carenciadas

A Fundação Pia Diocesana Obra de Socorro Nossa Senhora das Mercês já tem autorização do Bispo de Angra para assinar um contrato programa com a Junta de Freguesia das Calhetas, na Ouvidoria da Ribeira Grande, para recuperar a Casa Amarela, sede da obra criada pelo casal António e Leonor Frazão para ajudar as crianças desfavorecidas nesta zona do concelho da Ribeira Grande, na década de 50.

“Estamos esperançados que a simbólica casa amarela tenha o destino que se anseia” disse o Presidente da Fundação durante a sessão solene comemorativa dos 40 anos da Fundação Pia Diocesana, criada a 22 de outubro de 1975 pelo então Bispo de Angra D. Aurélio Granada Escudeiro.

“A recuperação da casa amarela envolve verbas vultuosas que têm de ser co financiadas por entidades públicas” disse António Pedro Costa lembrando que “a Fundação e a generosidade das pessoas por si só não chegam para realizar esta obra, sob pena de podermos vir a comprometer a ação futura da fundação”.

“Não podemos dar passos maiores do que a perna e por isso temos de encontrar parceiros para recuperar esta casa” disse ainda o responsável lembrando que a Junta de Freguesia “acaba de reafirmar a intenção de procurar apoios para beneficiar aquele espaço e destiná-lo a várias valências, como lar de idosos, creche e jardim de infância”, de resto grupos etários que estatutariamente estão identificados como os primeiros beneficiários da Fundação.

Esta obra de Socorro de Nossa Senhora das mercês nasceu da vontade do casal Frazão nos anos 50, que decidiu criar uma escola e um espaço de acolhimento, educação e formação para as jovens carenciadas desta zona piscatória do concelho da Ribeira Grande.

“Hoje resgatamos a memória de um casal visionário, que foi percursor de uma obra social” disse António Pedro Costa, “quando nas ilhas o apoio aos mais carenciados não conhecia uma resposta adequada e tão necessária”, assumindo-se como “pioneiros na promoção e desenvolvimento social e cultural da população, sobretudo, os mais jovens”.

“Agora celebram-se os 40 anos mas os pressupostos da criação desta Instituição já vêm de longe” e “cabe-nos a nós zelar pelo seu prosseguimento”, ressalvou ainda António Pedro Costa que não deixou de sublinhar os parcos recursos de que a Fundação dispõe e que ainda assim geram receitas para ajudar regularmente 20 famílias pobres das Calhetas, sacerdotes em dificuldades e duas congregações religiosas: as Missionárias da Caridade que trabalham uma semana por mês em Rabo de Peixe, também na Ribeira Grande e as Clarissas, nas Calhetas.

O património da Fundação é vasto mas “rende pouco” devido aos contratos de arrendamento, sobretudo dos prédios rurais, estarem a preços simbólicos e de até ao momento não ter sido desbloqueada a venda de alguns desses terrenos aos rendeiros que, entretanto, operaram benfeitorias.

A casa principal do casal ficou destinada a albergar uma congregação Religiosa e dois anos depois da criação da Fundação Pia Diocesana, as Irmãs Clarissas fixaram-se nesta casa criando o único mosteiro de clausura da Diocese.

“Jesus escolheu a casa deles para ser um santuário” lembrou durante a cerimónia a Ir. Maria do Rosário, uma das 8 Clarissas que habitam este mosteiro seguindo o carisma de Santa Clara de pobreza, obediência, castidade e clausura.

“Nós não estamos presas estamos em clausura, que é bem diferente. Este é um espaço privilegiado de oração e de proximidade a Deus e porque estamos em verdadeira comunhão com Ele, estamos também com todos os irmãos, sobretudo os que sofrem”, lembrou ainda a religiosa que é natural das Calhetas e entrou para o mosteiro um ano depois da sua criação.

“A oração é um trabalho e nós aqui trabalhamos muito” disse metaforicamente a Ir. Maria do Rosário, secretária da comunidade que além deste trabalho tem ainda um outro: produzir as hóstias para toda a diocese.

A Ir. Maria do Rosário, filha de um empregado do casal Frazão, lembrou a sua vida e a obra que deixou e dirigindo-se aos familiares presentes exortou-os a terem “orgulho neste legado”.

Também o Vigário Geral que presidiu à sessão em nome do prelado diocesano, destacou a importância das fundações, do ponto de vista canónico e sublinhou a sua importância para cumprir a missão da igreja.

“As fundações- e São Miguel tem 3- são necessárias para cumprir a missão da igreja e responder a necessidades espirituais e corporais das pessoas independentemente da sua confissão religiosa” disse o Cón. Hélder Fonseca Mendes lembrando que “fazem o bem sem saber a quem”.

Depois de fazer o enquadramento legal das várias associações de leigos desde as confrarias às irmandades, o Cóng. Hélder Fonseca Mendes recordou os vários estatutos desta Fundação em particular, cujas finalidades foram sendo alargadas consoante a época, o tempo e as necessidades.

A Fundação Pia Diocesana, começou muito centrada nas jovens adolescentes e depois alargou o seu campo de ação aos mais idosos, reforçando a componente de apoio social.

Para os seus fundadores “ensinar e aprender, era compreender melhor a vida e intervir nela era uma forma de contribuir para o crescimento da sociedade”, mas “tiveram a capacidade de perceber a precaridade da sua vida e doar os bens para que os outros pudessem continuar o seu sonho”, frisou ainda.

Durante a sessão comemorativa foi homenageado com um diploma de reconhecimento António Luís Mendonça, pelo trabalho desenvolvido ao longo de uma década em que foi secretário da Fundação.

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