Igreja açoriana celebra a assunção de Maria em todas as ilhas

19 paróquias assinalam hoje a festa das suas padroeiras, invocando sempre o exemplo de Maria

Se o Dia dos Açores não fosse a segunda feira do Divino Espírito Santo bem “poderia ser hoje” já que nenhuma outra festa religiosa é comemorada de Santa Maria ao Corvo, com “o povo na rua”, disse esta manhã o Vigário Geral da Diocese de Angra durante a Missa Solene da Festa de Nossa Senhora dos Anjos, em Água de Pau, na ilha de São Miguel.

“Gostaria, a partir desta Vila, de enviar uma mensagem a todos os açorianos. Não fosse a segunda feira do Espírito Santo, bem poderia ser hoje o Dia dos Açores, já que esta solenidade litúrgica é comemorada pelo povo, na rua, em todas as ilhas do arquipélago, invocando sempre Nossa Senhora, com nomes muito bonitos”, disse o Cónego Hélder Fonseca Mendes que presidiu às festas de Nossa Senhora dos Anjos, numa altura em que a vila de Água de Pau está a viver os 500 anos da sua elevação.

O sacerdote começou a sua homilia referenciando a solenidade litúrgica da Assunção de Maria como “ um dogma” s definido pelo Papa Pio XII em 1 de novembro de 1950 e celebrado há vários séculos e recordou os termos em que é definido na constituição apostólica  ‘Munificentissimus Deus’, com a qual se deu a definição deste dogma da fé católica.

“Declaramos e definimos ser dogma divinamente revelado que a imaculada Mãe de Deus, a sempre virgem Maria, terminado o curso da vida terrestre, foi assunta em corpo e alma à glória celestial”, refere o documento escrito por Pio XII e recordado pelo sacerdote que acrescenta que “Maria representa o acolhimento total de Deus”.

“Ela é a aurora e a imagem da igreja triunfante, sinal da esperança no futuro e na vida eterna” referiu ainda o Cónego Hélder Fonseca Mendes que ao longo de toda a homilia não se cansou de frisar que a “fé é a maior razão da grandeza de Maria” e o cerne de toda a sua história.

“Ela é a grande crente, apesar das dificuldades. É a esperança aberta à força da Graça, que luta permanentemente contra o mal e contra a violência, acredita e proclama que Deus nunca nos deixa sós”, disse o Vigário Geral, que é pároco da Sé de Angra e que esteve em Água de Pau em substituição do Bispo de Angra.

O cónego Hélder Fonseca Mendes observou, ainda, que a vida de Maria tem de ter reflexos em cada católico.

“O que para Maria já foi possível, a sua assunção ao Céu, também esperamos que aconteça connosco: chegar à casa do Pai”.

Depois deixou uma mensagem aos jovens (60) que hoje celebraram o sacramento do Crisma, no sentido de honrarem o passado, de olhos postos no presente, fazendo tudo para garantir o futuro.

Referindo-se à zona de veraneio privilegiada onde vivem- entre o mar profundo da Caloura “por onde entrou o Santo Cristo” e a encosta verde do Monte Santo “que nos lembra um Cristo transfigurado”- pediu-lhes para defenderem sempre o seu património, seja o edificado seja o natural.

De resto, aproveitou a oportunidade para recuperar as palavras do Papa Francisco na Enciclica Laudato Si, a propósito de Maria, mãe de Jesus  a quem pede para “se compadecer da terra e da natureza”.

“Ajuda-nos a olhar este mundo com um olhar sapiente, na expetativa da vida eterna”, disse o cónego Hélder Fonseca Mendes em linha com o pensamento do Santo Padre.

O Pe João Furtado, pároco de Água de Pau, que durante a celebração, regeu o coro de Nossa Senhora dos Anjos, um dos quatro coros da paróquia, referiu-se a esta Missa como um “momento de ação de graças”, lembrando que o importante é “sentirmos que Maria nos acompanha em todos os momentos da nossa vida, como nossa mãe misericordiosa e nossa protetora”.

Os emigrantes que acorrem nesta altura do ano a Água de Pau não foram esquecidos- “são todos muito benvindos”- tal como os 60 crismados e as suas famílias “que fizeram tudo muito bem tornando este momento muito agradável”.

Além da Eucaristia, que foi concelebrada também pelo Pe José Fernandes Medeiros,  a festa em honra de Nossa Senhora dos Anjos prossegue até dia 17, sendo o ponto alto esta tarde com a procissão solene, em que a imagem percorre as principais ruas da vila, recebendo arcos  enfeitados com dinheiro, em jeito de agradecimento. Nesta procissão participarão 10 bandas filarmónicas para além de 14 outros andores devidamente decorados para o efeito.

A solenidade da Assunção de Maria é celebrada em todo o arquipélago, de Santa Maria ao Corvo, sendo que em 19 paróquias hoje celebra-se o dia da padroeira sob a forma de vários nomes desde Nossa Senhora da Ajuda, a Nossa Senhora da Graça, dos Anjos, da Guadalupe, ou dos Milagres.

Num dia santo no calendário católico e feriado em muitos países, incluindo Portugal, o Papa Francisco saudou todos os peregrinos que se reuniram na Praça de São Pedro, num momento que não acontecia desde 1954 (pontificado de Pio XII), dado que tradicionalmente o 15 de agosto é assinalado pelos Papas na residência pontifícia de verão, em Castel Gandolfo, arredores de Roma; Francisco optou por permanecer no Vaticano durante os meses mais quentes.

O Papa começou por rezar à Virgem Maria para que ajude os cristãos, com os seus “olhos misericordiosos”.

Nesse contexto, sustentou que a fé é “a maior razão da grandeza de Maria” e o “coração” de toda a sua história”.

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