Igreja Açoriana identifica “periferias” para definir novos caminhos pastorais

Reunião de ouvidores com o prelado diocesano realizou-se hoje em Ponta Delgada

A igreja diocesana nos Açores considera que a prioridade da sua ação pastoral deve centrar-se nos “excluídos” e naqueles “que não aceitam nem acreditam na proposta de salvação oferecida por Jesus”.

No final da reunião de ouvidores, que culminou um processo formativo em Angra e em Ponta Delgada durante esta semana em que a Diocese assinala 480 anos, dirigida ao clero mas também aos leigos, o Vigário Geral e porta voz da Diocese disse ao Sítio Igreja Açores que a primeira fase de sinalização das periferias no arquipélago “está feita” e tem por base uma “leitura atenta” do Evangelho.

“Nós não afunilámos a questão das periferias; o que fica é a referência do Evangelho, ou seja, olhar e ver nele quais são as preferências de Jesus, de quem é que ele se abeira e de quem é que ele se ocupa preferencialmente para também nós igreja irmos ao encontro dessas periferias e não estabelecermos um centro e uma norma onde, fora dele, tudo cabe”, disse o Pe Hélder Fonseca Mendes.

“As nossas periferias são quem está fora, quem é descartável e o desafio proposto por esta reunião é o de sermos capazes de renovar o nosso olhar e a nossa atenção e não rotular as periferias”, sublinha o Porta Voz da Diocese de Angra que acrescenta que as questões sociais e da família vão ter “um peso extraordinário” nesta atitude missionária a que a igreja açoriana se propõe neste ano pastoral.

Na reunião desta sexta feira entre o Bispo de Angra e os responsáveis pelas ouvidorias, na qual participaram 13 dos 16 ouvidores, foi sublinhada a importância de desenvolver uma pastoral de acolhimento que tenha como preocupação “o encontro”.

Por isso, mais do que frisar a existência de eventos que materializem as orientações diocesanas, “o que se nota, depois da formação e desta reunião é uma enorme disponibilidade para olhar a realidade concreta de uma forma nova e mais atuante”, embora se constate “que não é tarefa fácil”.

“O ritmo é lento,  porque quer a complexidade dos problemas quer a própria ação pastoral da igreja, que tem grandes constrangimentos, dificultam uma resposta célere mas o que importa salientar é a atitude diferente e a disponibilidade para ir para o terreno”, frisa o Pe Hélder Fonseca Mendes, sublinhando que a igreja “não está parada; é uma realidade em movimento”.

A reunião de ouvidores com o prelado diocesano decorreu depois de dois dias de formação na qual participaram vários docentes universitários da área da sociologia e da economia que procuraram aprofundar o conceito de periferia e identificar, do ponto de vista formal, as periferias existentes nos Açores.

“Foi muito proveitoso sob retudo para nos ajudar a refletir sobre o modo como podemos ir ao encontro dessas periferias e contribuir, de alguma forma, para a sua mitigação a partir das nossas próprias referências”.

A próxima reunião de ouvidores realiza-se no Conselho Presbiteral, marcado para o período entre 20 e 25 de abril, em São Miguel, no renovado Centro Pastoral Pio XII . A reunião em São Miguel será uma “novidade”, pois em 40 anos de existência deste órgão que reúne as estruturas diocesanas,  será a primeira vez que terá lugar fora da ilha Terceira.

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