João Paulo II: Vaticano lembra atentado e capacidade de chegar a milhões de pessoas

Biografia oficial para a canonização destaca ainda viagens internacionais do novo santo.

A biografia oficial de João Paulo II, preparada pelo Vaticano para a canonização de domingo, destaca o “grave atentado” sofrido pelo Papa polaco a 13 de maio de 1981, na Praça de São Pedro, sublinhando que o novo santo “perdoou ao autor do atentado”.

 

“Salvo pela mão materna da Mãe de Deus, após uma longa recuperação, perdoou ao seu agressor e, convencido de ter recebido uma nova vida, intensificou os seus compromissos pastorais com heroica generosidade”, pode ler-se no livro da celebração de canonização a ser presidida por Francisco a partir das 10h00 (09h00 em Lisboa).

 

Após este atentado, João Paulo II deslocou-se ao Santuário de Fátima, em Portugal, por três ocasiões (1982,1991,2000), tendo oferecido a bala que o atingiu, que se encontra na coroa da imagem da Capelinha das Aparições, como sinal de gratidão.

 

A biografia oficial recorda as 104 viagens internacionais e os números recorde do pontificado de Karol Wojtyla.

 

“Nenhum outro Papa se encontrou com tantas pessoas como João Paulo II”, refere o documento, aludindo, entre outros, aos mais de 17 de milhões de peregrinos que participaram nas audiências públicas semanais, e “os milhões de fieis contactados durante as visitas pastorais em Itália e no mundo” e na celebração das Jornadas Mundiais da Juventude, que criou.

 

Karol Wojtyla nasceu no dia 18 de maio de 1920 em Wadowice, no sul da Polónia, filho de Karol Wojtyla, um militar do exército austro-húngaro, e Emília Kaczorowsky, uma jovem de origem lituana.

 

Em 1938 foi admitido na Universidade Jagieloniana, onde estudou poesia e drama; durante a II Guerra Mundial (1939-1945) esteve numa mina em Zakrzowek, trabalhou na fábrica Solvay e manteve uma intensa actividade ligada ao teatro, antes de começar clandestinamente o curso de seminarista.

 

Durante estes anos teve de viver oculto, juntamente com outros seminaristas, que foram acolhidos pelo cardeal de Cracóvia.

 

Ordenado sacerdote em 1946, foi completar o curso universitário no Instituto Angelicum de Roma e doutorou-se em teologia na Universidade Católica de Lublin, onde foi professor de ética.

 

Participou no Concílio Vaticano II, onde colaborou ativamente, de maneira especial, nas comissões responsáveis na elaboração da Constituição Dogmática Lumen Gentium e a Constituição conciliar Gaudium et Spes.

 

No dia 13 de janeiro de 1964, Wojtyla assume a sede episcopal de Cracóvia e foi criado cardeal pelo Papa Paulo VI em maio de 1967, aos 47 anos.

 

Após a morte deste Papa e do seu sucessor, João Paulo I, o cardeal Karol Wojtyla foi eleito como novo pontífice, a 16 de outubro de 1978 – primeiro não-italiano desde 1522.

 

O Vaticano recorda a sua “constante solicitude pastoral” que o levou, além das viagens internacionais, a fazer 146 visitas na Itália e a passar por 317 das 332 paróquias de Roma.

 

Entre os seus principais documentos contam-se 14 encíclicas, 15 exortações, 11 constituições e 45 cartas apostólicas, para lá de cinco livros.

 

João Paulo II presidiu a 147 cerimónias de beatificação, nas quais proclamou 1338 beatos, e a 51 canonizações, com um total de 482 santos.

 

O novo santo morreu a 2 de abril de 2005 e foi beatificado por Bento XVI a 1 de maio de 2011, numa cerimónia em que o agora Papa emérito disse que João Paulo II enfrentou “sistemas políticos e económicos” para cumprir o seu desafio de viver a fé sem “medo”.

Scroll to Top