Jornadas da pastoral familiar apelam a reflexão aprofundada sobre a prioridade da família

Encontro de Fátima de olhos postos no documento final do sínodo

Até à próxima assembleia sinodal em 2015, a igreja deve fazer um esforço para aprofundar as ideias da “pessoa como ser familiar, da teologia do matrimónio e da fenomologia do verdadeiro amor”, disse ao Sítio Igreja Açores o Diretor do Serviço Diocesano da Pastoral Familiar, em jeito de conclusão, na reta final das Jornadas Nacionais da Pastoral Familiar, que se realizam este fim de semana, na Casa do Verbo Divino, em Fátima.

“O texto que sai do Sínodo é um instrumento de trabalho com pontos que devem ser reflectidos para depois em 2015 virem orientações”, sublinha o Pe José Medeiros Constância que lembra a ” importância da prioridade da família, hoje, a vários níveis e por várias razões”.

Orientadas para a discussão do tema ‘Família e Fecundidade da Igreja’, as jornadas contaram com duas conferências dos padres Juan Luís Larrú, decano do Pontifício Instituto João Paulo II, em Espanha, e do padre Duarte da Cunha, secretário da Confederação das Conferências Episcopais da Europa (CCEE), reconhecidos pelas suas competências e privilegiada proximidade com os processos preparatórios do Sínodo, como realçou no inicio das jornadas um comunicado do Secretariado Nacional da Pastoral Familiar e Laicado.

A partir do tema escolhido para as jornadas deste ano, a organização pretendeu lançar pistas para estreitar relações entre “duas partes” que, para a fé cristã, são “inseparáveis”.

“Lado a lado, foram abordados o lugar da família na vitalidade da Igreja e o lugar da Igreja na vida da família”, destaca José Constãncia que foi a Fátima acompanhado do casal Rita e Carlos Braga, da equipa diocesana da pastoral familiar.

Das intervenções e debates que se seguiram, destaque para a conferência do padre espanhol Juan de Dios Larrú que partiu de uma “análise dos fenómenos culturais de hoje e traçou dois desafios que vividos fazem da pastoral familiar, caminhos da fecundidade da Igreja, desaparecendo a solidão das casas, das famílias e dos ambientes” referiu o responsável pela pastoral familiar na diocese de Angra.

“As duas tarefas de todos são a emergência educativa e a cidadania da família” acrescentou, ainda, o Pe José Constãncia que acentua a “missão da familia como igreja doméstica”, referindo que essa realidade “é um bom dia à esperança realista de hoje”.

Referindo-se à intervenção do segundo palestrante- Pe Duarte Cunha-, já este domingo, depois de ter sido conhecido o documento final da terceira assembleia extraordinária do Sínodo dos Bispos sobre a família, o sacerdote recorda que este sínodo tem o mérito de ” colocar a família no centro das atenções da igreja e da própria sociedade, apresentando-a como um espaço de comunhão e relação”.

A mensagem final do Sínodo, primeiro documento aprovado pela atual assembleia extraordinária sobre a família, apresenta a Igreja como uma “casa” de portas abertas para todos.

“Cristo quis que a sua Igreja fosse uma casa com a porta sempre aberta no acolhimento, sem excluir ninguém. Estamos por isso gratos aos pastores, fiéis e comunidades prontos a acompanhar e a tomar conta das lacerações interiores e sociais dos casais e das famílias”, assinala o documento, divulgado pelo Vaticano.

A tradicional mensagem, que difere das propostas sinodais ou do relatório conclusivo, deixa elogios ao “amor conjugal, único e indissolúvel”, que persiste apesar das “dificuldades do limite humano”.

“É um dos milagres mais belos, ainda que seja também o mais comum”, assinala o texto, que segundo o porta-voz do Vaticano foi aprovado por “grande maioria” pelos 191 padres sinodais.

Os participantes aludem ao “grande desafio” da fidelidade no amor conjugal que tem de superar “o enfraquecimento da fé e dos valores, o individualismo, o empobrecimento das relações, o stress”.

“Assiste-se assim a não poucas crises matrimoniais, enfrentados muitas vezes de forma conflituosa e sem a coragem da paciência, da escuta, do perdão recíproco, da reconciliação e também do sacrifício”, prossegue o documento.

Estes fracassos originam “novas relações, novos casais, novas uniões e novos matrimónios”, criando “situações familiares complexas e problemáticas para a escolha cristã”.

O texto deixa uma palavra particular às famílias de refugiados, aos que atravessam o mar para “chegar a um destino de sobrevivência” e aos que são perseguidos por causa da sua fé, “atingidos pela brutalidade das guerras e das opressões”.

O Sínodo lamenta a violência sobre mulheres, o tráfico de pessoas e os abusos sobre menores, apelando a governos e organizações internacionais a “promover os direitos da família para o bem comum”.

A segunda parte do texto elogia a “luz” que brilha nas várias famílias, no amor “do homem e da mulher” que começa no noivado, “tempo de espera e de preparação”, chegando à sua plenitude no sacramento do Matrimónio.

O presidente da comissão que redigiu a mensagem, cardeal Gianfranco Ravasi, apresentou o texto em conferência de imprensa, realçando o seu caráter de “exortação”.

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