Depois do desfile, músicos participaram numa celebração presidida pelo bispo de Angra na Sé de Angra

Angra do Heroísmo assinalou hoje, dia de Santa Cecília, padroeira dos músicos, o Jubileu da Música, uma celebração marcada pela entrada na Porta Santa da Sé e pela Missa Jubilar que reuniu filarmónicas, grupos corais e folclóricos de várias paróquias da ilha Terceira. A cerimónia foi presidida pelo Bispo de Angra, que desafiou os músicos a colocar “os seus dons musicais” ao serviço da transformação do mundo”.
“O mundo precisa de alegria, precisa de esperança no meio da guerra, precisa de música, de dança, de filarmónica, de palavras… precisa de vós. Em cada esquina das nossas cidades, das nossas vilas das nossas paróquias precisamos de jubileu que é esperança, que é Cristo”, afirmou D. Armando Esteves Domingues na homilia na Catedral.
“Que belo concerto… que este jubileu marque a nossa vida. Bem-vindos a esta Igreja Mãe”, afirmou na abertura da celebração, após a entrada simbólica pela Porta Santa, apresentada como “Cristo Redentor”.
O prelado refletiu sobre o significado espiritual do jubileu, comparando-o a uma composição musical “onde a música transcende a pauta”.
O prelado diocesano aludiu ainda aos instrumentos utilizados no tempo bíblico “para chamar os animais”, sublinhando que o Jubileu é muito mais do que um acontecimento litúrgico: “Vir à Sé, pedir misericórdia e obter graças”.
Perante músicos de várias idades, destacou o privilégio e a responsabilidade de quem cultiva a arte:
“Felizes de vós que tendes proximidade à arte, à beleza. Estamos diante de Santa Cecília para pedirmos que nos afinemos naquela tarefa mais difícil que é a vida.”
O Bispo contou a história da padroeira dos músicos, recordando que, no dia do seu casamento, contrariada, cantou interiormente apenas para Deus, mantendo a sua fidelidade até ao martírio. Um exemplo, disse, de coragem espiritual e entrega total.
Aos músicos presentes dirigiu palavras de gratidão e encorajamento: “Pensai no dom que Deus vos deu e na capacidade de elevar irmãos magoados e desesperançados”.
Falando especialmente aos jovens, apelou para que continuem a “mudar o mundo” através da música e da arte: “Cantai Cristo e a sua beleza sempre. A espiritualidade cristã é a mais bela da humanidade.”
A homilia abordou ainda temas sensíveis, como o sofrimento humano, o envelhecimento e o suicídio, que classificou como “um golpe fatal no coração da humanidade” e sublinhou que, mesmo no meio da dor, a compaixão e a proximidade podem transformar vidas e a música pode ser o caminho para essa mudança.
A celebração do Jubileu foi marcada por momentos musicais conjuntos, enchendo a Sé de Angra de coros, sopros e cordas, numa homenagem à música e ao seu papel na fé, na cultura e na vida das comunidades açorianas.
