
O Papa Leão XIV criticou hoje os sistemas financeiros usurários que “podem colocar povos inteiros de joelhos” e “aqueles que no comércio alimentam estruturas de pecado injustas”.
“«A pergunta que se repete é sempre a mesma: os menos dotados não são seres humanos? Os fracos não têm a mesma dignidade que nós? Aqueles que nasceram com menos possibilidades valem menos como seres humanos, devem limitar-se apenas a sobreviver? Da resposta que damos a estas perguntas depende o valor das nossas sociedades e dela depende também o nosso futuro. Ou reconquistamos a nossa dignidade moral e espiritual ou caímos como num poço de imundície» (Exort. ap. Dilexi te, 95)”, recordou o Papa Leão , aos membros da Consulta Nacional Antiusura, numa audiência esta manhã no Vaticano.
O Papa falou na usura como um “pecado grave, às vezes muito grave” que, indicou, “não se reduz a uma mera questão de contabilidade”: “A usura pode levar à crise nas famílias, pode desgastar a mente e o coração a ponto de levar a pensar no suicídio como única saída”.
“A dinâmica negativa da usura manifesta-se a vários níveis. Há uma usura que aparentemente parece querer ajudar quem está em dificuldades económicas, mas que rapidamente se revela pelo que é: um fardo que sufoca. Quem paga as consequências são sobretudo as pessoas frágeis, como as vítimas do jogo. Mas ela também atinge quem enfrenta momentos difíceis, como, por exemplo, cuidados médicos extraordinários, despesas imprevistas além das possibilidades próprias e da família. O que a princípio se apresenta como uma ajuda, na realidade, a longo prazo, torna-se um tormento”, reconheceu.
Aos membros da Consulta Nacional Antiusura Leão XIV afirmou a “preciosa ação” que desenvolvem para “desincentivar e pôs fim a esta prática”.
“O vosso trabalho está particularmente em sintonia com o espírito e a prática do Jubileu, e pode muito bem ser incluído entre os sinais de esperança que caracterizam este Ano Santo”, assinalou.
O Papa encorajou os membros a prosseguir a missão, expressão de “um compromisso comunitário, apoiado pelos pastores da Igreja”.
“Só a gratuidade é tão eficaz a ponto de nos revelar o sentido da nossa humanidade. Quando prevalece a busca do lucro, os outros deixam de ser pessoas, deixam de ter rosto, são apenas objetos a explorar; e assim acabamos por perder também a nós mesmos e a nossa alma. A conversão de quem se mancha com a usura é tão importante quanto a proximidade com quem sofre com a usura sofrida”, finalizou.
(Com Ecclesia)