Madalena do Pico vive festa litúrgica em honra da sua padroeira

Depois do novenário, hoje celebra-se a solenidade de Santa Maria Madalena

As festas de Santa Maria Madalena, que arrancaram no passado dia 13 com o novenário, pregado pelo ex diretor do serviço diocesano da pastoral das comunicações sociais da igreja, Pe Marco Gomes, inspirado pelo tema “Misericordiosos como o Pai”, têm hoje o seu ponto alto com a solenidade litúrgica de Santa Maria Madalena, sendo feriado municipal.

A Solenidade de Santa Maria Madalena, esta sexta feira, começa com uma Eucaristia com celebração do Sacramento do Batismo; seguida da Bênção anual das viaturas e saudação à Padroeira. Às 16h30 realiza-se o desfile de filarmónicas e saudação à Padroeira; uma hora depois começará a Eucaristia solene, concelebrada pelos párocos de toda a ouvidoria do Pico.

De acordo com uma nota enviada ao Sítio Igreja Açores, a organização  sublinha que “Santa Maria Madalena, discípula de Jesus, deixou-se apaixonar pela misericórdia de Deus, da qual o seu Mestre e Senhor é o rosto visível, tornando-se ela para cada um de nós em apóstola da misericórdia”.

A festa, que é também concelhia, a que a Câmara acrescenta sempre um programa sócio-cultural significativo, é celebrada num contexto de particular significado litúrgico na medida em que no passado dia 3 de Junho, Solenidade do Sagrado Coração de Jesus, o Papa Francisco destacou a figura e a importância de Santa Maria Madalena, elevando à categoria de “Festa” a celebração do seu dia no calendário litúrgico da Igreja Católica, igualando-a à celebração dos apóstolos.

A Congregação para o Culto Divino e a Disciplina dos Sacramentos publicou um novo decreto, datado de 3 de junho, “por desejo expresso do Santo Padre”, para promover e explicar esta mudança.

O texto sublinha que Maria Madalena foi a primeira “testemunha” e “anunciadora” da ressurreição de Cristo.

A decisão “inscreve-se no atual contexto eclesial, que exige uma reflexão mais profunda sobre a dignidade da mulher”, pode ler-se no documento.

A mudança promovida pelo Papa acontece “no contexto do Jubileu da Misericórdia” para sublinhar “a relevância” da figura de Maria Madalena, “que mostrou um grande amor a Cristo e foi por Cristo tão amada”.

O prefácio para a Eucaristia, já traduzido para português, reforça esta ideia: “Aparecendo Jesus a Maria Madalena no jardim, Ela que tanto o amara quando era vivo, viu-O morrer na cruz, procurou-O no sepulcro; e foi a primeira a adorá-l’O depois de ressuscitar dos mortos”.

D.Artur Roche, secretário da Congregação para o Culto Divino e a Disciplina dos Sacramentos, refere em texto publicado pelo Vaticano que “é justo que a celebração litúrgica desta mulher tenha o mesmo grau de festa dado à celebração dos apóstolos”.

A data litúrgica de Maria Madalena era até agora uma “memória obrigatória”, celebrações em honra de Nossa Se­nho­ra ou dos Santos que estão numa categoria inferior às “festas” e às “solenidades” no calendário litúrgico reformado pelo Concílio Vaticano II.

O Papa Francisco apresentou em 2013 uma reflexão sobre esta santa, partindo do relato do Evangelho segundo São João que retrata Madalena a chorar junto do sepulcro vazio, num momento de “escuridão na sua alma” por ver deitadas por terra “todas as suas esperanças”, antes da aparição de Jesus ressuscitado.

Maria de Magdala, declarou, era a “mulher pecadora” que ungiu os pés de Jesus e os enxugou com os seus cabelos, uma “mulher explorada e também desprezada por aqueles que se julgavam justos”.

Também Bento XVI expôs numa intervenção pública as lições deixadas aos cristãos de todos os tempos por Maria Madalena, “discípula” de Jesus, “testemunha do poder do seu amor misericordioso, que é mais forte que o pecado e a morte”.

O Papa emérito recordou esta mulher, “que nos Evangelhos desempenha um lugar de primeira ordem”, falando em Les Combes, localidade dos Alpes italianos.

A figura da Madalena foi motivo de debate ao longo dos séculos, em particular por causa de passagens de escritos gnósticos que aludem a uma proximidade entre Jesus e Maria Madalena e alguma hostilidade em relação a ela por parte de São Pedro e Santo André.

O Evangelho de S. Lucas, recordou Bento XVI, apresenta-a entre as mulheres que seguiram Jesus depois de ter “sido curada de espíritos malignos e doenças”, precisando que dela “tinham saído sete demónios”.

“A história de Maria de Magdala recorda a todos uma verdade fundamental: discípulo de Cristo é quem, na experiência da fraqueza humana, teve a humildade de pedir-lhe ajuda, foi curado por ele, e seguiu-o de perto, tornando-se testemunha do poder do seu amor misericordioso”, disse então.

As festas em honra de Santa Maria Madalena iniciam as festas dos padroeiros na ilha montanha. Logo a seguir, vêm as festas do Senhor Bom Jesus, em São Mateus, a 6 de agosto, uma devoção que já conta com cerca de 140 anos. Reporta ao ano de 1862, quando o emigrante Francisco Ferreira Goulart trouxe do Brasil uma imagem do Senhor Bom Jesus, cópia fiel daquelas que se veneram. Esta devoção já cá existia, venerando-se imagens do Senhor Crucificado, como se pode ainda ver nos Inventários das Igrejas Paroquiais. Mas foi a partir da chegada da Imagem a São Mateus do Pico, que mais se intensificou a devoção ao Ecce Homo.

Ainda no Pico, a Festa dos Baleeiros nas Lajes, em homenagem à  Senhora de Lourdes é outro dos pontos altos do verão na ilha montanha, na última semana do mês de agosto.

(Noticia actualizada às 14h00 de hoje com Ecclesia)

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