“Maior obstáculo à renovação eclesial é constituído pela resistência à mudança” – Cardeal Mario Grech

 

Foto: Agência Ecclesia

 

Secretário-Geral do Sínodo dos Bispos participou nas jornadas de atualização do clero do Sul, em Albufeira

O secretário-geral do Sínodo dos Bispos alertou hoje em Albufeira para a “resistência” à mudança, nas comunidades católicas, que considerou como um “obstáculo” à renovação da Igreja.

“O maior obstáculo à renovação eclesial é constituído pela resistência à mudança, pela tenacidade dos hábitos consolidados, pela inércia e pelo medo da novidade: numa palavra, pelo ‘sempre se fez assim’”, referiu o cardeal Mario Grech, colaborador de Papa, na última das três conferências que apresentou na jornada de atualização do clero do Sul, a decorrer até quarta-feira.

‘Igreja Sinodal, uma Igreja atenta aos Sinais dos Tempos’ é o tema iniciativa, iniciada esta segunda-feira, que reúne os bispos, padres e diáconos das Dioceses do Algarve, Beja, Évora e Setúbal, num encontro organizado pelo Instituto Superior de Teologia de Évora (ISTE).

Para o cardeal Grech, a “pastoral missionária” deve promover a “emergência de uma mentalidade outra, erradicando pouco a pouco os costumes inveterados”.

“Através de um método sinodal e de um conteúdo sinodal, a catequese pode contribuir de modo decisivo para a construção de um estilo sinodal entre os fiéis. Afinal, como bem afirmou a Comissão Teológica Internacional, a sinodalidade é uma questão de estilo, mais do que de estruturas e acontecimentos, um estilo sem o qual nem as estruturas nem os eventos serão finalmente eficazes”, advertiu.

Para o Secretário-Geral do Sínodo dos Bispos, o processo lançado pelo Papa em 2021, que se prolonga até 2024, deve “promover o amadurecimento de uma mentalidade e de um estilo sinodal”.

O responsável da Santa Sé apresentou três reflexões, nestas jornadas: ‘Sinodalidade e Comunhão. Desafio à Igreja, num Mundo complexo e fragmentado’, ‘Sinodalidade e Participação. Escutar a Voz de Deus e as vozes do Mundo’ e ‘Sinodalidade e Missão. A Igreja existe para evangelizar’.

Dois dias depois de o Papa ter anunciado a realização de uma vigília ecuménica, a 30 de setembro, antes da abertura da XVI Assembleia Geral Ordinária do Sínodo dos Bispos, D. Mario Grech assinalou que a prática sinodal “não se limita ao âmbito da Igreja Católica, mas convida a participar todos os batizados e as diversas igrejas e comunidades eclesiais”.

“Ouvir-se para caminhar juntos: assim podemos resumir o sentido da sinodalidade, que o tema escolhido para a próxima Assembleia sinodal nos convida a redescobrir e praticar com coerência”, apontou.

A primeira sessão da XVI Assembleia Geral Ordinária do Sínodo dos Bispos vai decorrer de 4 a 29 de outubro de 2023; Francisco decidiu que a mesma terá uma segunda etapa, em 2024.

A iniciativa o tema ‘Para uma Igreja sinodal: comunhão, participação e missão’, começou com um processo inédito de consulta e mobilização, de forma descentralizada, a nível de cada diocese, preparando os encontros continentais que vão decorrer nos próximos meses.

O secretário-geral do Sínodo assumiu que, da consulta às comunidades católicas de todo o mundo, surgiu a preocupação com “modos de agir excessivamente clericais”, que “atribuem apenas um papel ativo aos pastores, enquanto os fiéis são relegados a uma condição de passividade”.

Nas suas reflexões iniciais, o cardeal Grech destacou que o Sínodo tem mais do que um “propósito administrativo ou jurídico”, assumindo o “esforço de ouvir”.

“Quantas assembleias diocesanas e nacionais, quantos planos pastorais falharam precisamente porque as conclusões já estavam escritas a priori! Escutar o Povo de Deus é escutar verdadeiramente o que o Espírito diz à Igreja”, sustentou.

A jornada de atualização do clero das dioceses do sul vai promover ainda uma reflexão sobre os jovens, com o padre Rossano Sala a apresentar duas conferências, esta tarde: ‘Jovens evangelizadores dos Jovens. O repto da JMJ 2023’ e ‘Os Jovens e a Igreja. Que Igreja queremos/devemos ser?’.

Este sacerdote Salesiano, professor da Universidade Pontifícia Salesiana de Roma, foi o secretário Especial da XV Assembleia Geral Ordinária do Sínodo sobre o tema ‘Os jovens, a fé e o discernimento vocacional’ (2018) e é consultor da Secretaria-Geral do Sínodo dos Bispos.

O último dia de formação conta com quatro oradores: a irmã Luísa Almendra, diretora da Cátedra de Estudos Bíblicos Judaicos e Cristãos da Universidade Católica Portuguesa (UCP), apresenta ‘Reflexões dos sábios de Israel sobre a juventude’; o cónego Mário de Sousa, professor de Novo Testamento no Instituto Superior de Teologia de Évora, reflete sobre ‘Sinodalidade e unidade no Novo Testamento’; o padre Carlos Carneiro, sacerdote jesuíta, apresenta ‘Pastoral Juvenil e Pastoral Vocacional: caminhos paralelos ou comunhão pastoral?’; e o padre Vicente Hernandez, diretor espiritual do Seminário Maior de Évora, vai ‘Sonhar a Pastoral das Vocações num clima Sinodal’.

Os participantes vão ainda refletir sobre os ‘Desafios do universo juvenil à Igreja em Portugal’, com o cónego Eduardo Duque, sacerdote da Arquidiocese de Braga e professor na Faculdade de Filosofia e Ciências Sociais no Centro Regional de Braga da UCP.

(Com Ecclesia)

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