“O catequista não é apenas um professor, é um amigo que acompanha”, afirma futuro diretor da Catequese nos Açores

Padre Bruno Rodrigues sublinha importância da família na catequese. Catequistas sublinham emoção e fortalecimento para viver uma missão “que é maior”, mas da qual “não podem desistir” (Notícia atualizada às 17h358)

Foto: Igreja Açores/Educris/PQ

O padre Bruno Rodrigues sublinhou esta manhã em Roma, no Jubileu dos Catequistas , que a missão do catequista vai muito além de transmitir lições: é ser um amigo disponível para acompanhar, escutar e viver a fé ao lado das famílias, das crianças e dos jovens.

“O catequista não pode ser só um professor que transmite lições, mas tem de ser, sem dúvida, um cooperador da missão de Jesus Cristo, ir por todo o mundo e batizar e ensinar todos como eu vos mandei” afirmou o sacerdote, que está nomeado novo diretor do Serviço Diocesano da pastoral da Evangelização, catequese e missão, cargo de que tomará posse em outubro, ao portal Educris.

Depois da audiência com o Papa Leão XIV, o sacerdote reforçou a importância da simplicidade e do testemunho no anúncio cristão, destacando a mensagem do Santo Padre de que a catequese não faz sentido sem os pais e sem as mães”.

De acordo com o padre Bruno Rodrigues, o desafio atual da catequese passa pelo acompanhamento próximo e humano, vivido na amizade e na escuta, sem descurar a formação e a espiritualidade que sustentam a missão.

A participação da Diocese de Angra no Jubileu dos Catequistas, com momentos de oração, celebrações e peregrinações, está a ser para o diretor nomeado uma experiência de comunhão e renovação: Percebemos que não estamos sozinhos. Partilhamos os mesmos desafios que outros catequistas, mas viemos renovar forças e regressamos com esperança”.

“Aquilo que eu vou percebendo dos catequistas é que eles estão muito emocionados, grande parte deles nunca esteve em Roma e esta experiência está a ser uma experiência de fé, de espiritualidade, passar por cada espaço, cada recanto, cada igreja jubilar, cada porta santa tem sido sem dúvida um momento muito forte, porque como eu disse aos catequistas nós vamos ao encontro de Pedro, a rocha que nos confirma na fé,  lembrando a importância que a catequese tem na vida da Igreja” diz o sacerdote que em 15 anos de padre é a primeira vez que visita Roma.

Bruno Rodrigues acrescenta que a catequese nos Açores deverá ganhar novo impulso com formação contínua, encontros e momentos de oração, essenciais para que os catequistas se tornem verdadeiros colaboradores da missão de Jesus Cristo.

Foto: Grupo de catequistas em Roma/IA/Educris/PQ

 

Vânia Chaves, catequista em Santa Maria, diz que são “dias muito ricos e muito preenchidos, com muita vontade de estar em comunhão” que facilita ” a meditação e a espiritualidade”.

“Levo de Roma muitas coisas; uma delas tem a ver com esta esperança e a vontade de nos renovarmos e de estarmos sempre ao serviço das crianças, dos jovens e das famílias, que são essenciais”, acrescentou.

Helena Esperança, de Vila Franca do Campo, afirma, por seu lado, que “queria muito fazer parte desta festa e de vibrar ao lado de milhares de pessoas que partilham a mesma fé”.

“Levo comigo uma força maior, com a certeza de que a esperança está viva e nós temos de a testemunhar em todos os lugares onde evangelizamos, sobretudo junto daqueles que estão agora a descobrir Jesus”.

Andreia Medeiros, de Porto Formoso, visita pela primeira vez Roma e diz que o primeiro sentimento é de emoção.

“É muito emocionante estar aqui, estar ao pé do Papa e só isso já é uma emoção. Aqui tenho ainda mais certeza de que a fé e a esperança são tudo na vida d euma pessoa, ainda mais de uma catequista”, disse.

Josefina Pacheco, da ouvidoria da Ribeira Grande, refere que este é o bálsamo para que “não desistamos”

“Estou a ser tocada por todos os catequistas sobretudo os mais velhos que vão dando testemunho. A cada partilha, a cada oração, sinto-me mais fortalecida. Mostram que vale a pena viver a fé de forma inteira e sem reservas” afirmou a catequista da ouvidoria da costa norte de São Miguel.

“Este encontros confirmam este apelo à esperança e à coragem de vivermos com Cristo, sem medo. Sinto-me cada vez mais parte de uma missão que é muito maior do que eu, mas não podemos desistir”, disse ainda.

Hortensia Amaral, também da Ribeira Grande, lembrou que ir a Roma era uma das coisas que mais desejava e estar neste Jubileu foi uma prioridade.

“Aqui vim beber mais sobre a vida de Cristo e assim já posso testemunhar de outra maneira juntos dos jovens, mas também dos adultos que precisam de saber mais sobre Jesus”, disse a catequista.

O Papa presidiu hoje a uma audiência pública extraordinária, no Ano Santo que a Igreja Católica está a celebrar, deixando indicações a milhares de catequistas de todo o mundo, presentes para o seu Jubileu.

“Ao instruir outras pessoas na fé, tenham em mente a importância de ensiná-las a cultivar um relacionamento com Jesus. Que o Seu amor reavive em todos nós a esperança que não dececiona. Deus abençoe todos”, disse Leão XIV, nas saudações aos peregrinos reunidos na Praça de São Pedro.

O Jubileu dos Catequistas decorre em Roma desde ontem, reunindo mais de 20 mil peregrinos de 115 países; mais de 800 catequistas de Portugal estão presentes em Roma, em representação das dioceses do país. Só dos Açores foram 112 das ilhas de São Miguel,  Santa Maria, Pico, Faial e Terceira.

O Papa convidou estes peregrinos a “servir generosamente a Igreja, irradiando esperança”.

“Que as graças obtidas no Ano Santo vos fortaleçam no vosso importante ministério de semear a semente do Evangelho nos corações dos jovens, enquanto enfrentais desafios difíceis. Ouvi o sentido da fé do povo de Deus”, recomendou.

A reflexão inicial abordou o tema da esperança, centro do Jubileu convocado por Francisco e agora presidido por Leão XIV.

Depois de saudar, em papamóvel, os participantes na audiência jubilar, o pontífice deixou um elogio às “pessoas de alma humilde”, capazes de “tornar-se pequenas segundo o Evangelho para intuir e servir os sonhos de Deus”.

“Os pequenos intuem. Eles têm o ‘sensus fidei’, que é como um sexto sentido das pessoas simples para as coisas de Deus. Deus é simples e revela-se aos simples. Por isso, há uma infalibilidade do povo de Deus na fé, da qual a infalibilidade do Papa é expressão e serviço”, sustentou.

Leão XIV deu como exemplo destaca capacidade a história de Santo Ambrósio, que antes de se tornar bispo era governador em Milão, no século IV, momento em que “a Igreja estava dilacerada por grandes conflitos e a eleição do novo bispo estava a transformar-se num verdadeiro tumulto”.

Uma criança terá gritado “Ambrósio bispo” e a população uniu-se ao grito, num momento em que o futuro santo era “apenas um catecúmeno, ou seja, estava a preparar-se para o batismo”.

“Ainda hoje, esta é uma graça a pedir: tornar-se cristão enquanto se vive o chamamento recebido”, acrescentou o Papa.

“Intuir é uma forma de esperar, não o esqueçamos! É também assim que Deus faz avançar a sua Igreja, mostrando-lhe novos caminhos.”

No final da audiência, Leão XIV deixou uma saudação aos peregrinos de língua portuguesa, em especial aos catequistas.

“Que nunca vos falte nem coragem nem dedicação no anúncio da boa nova de Jesus, em particular às crianças, para que elas cresçam intuindo que Deus as ama e tem para elas grandes sonhos. De coração, abençoo todos”, declarou.

(Com Graça Amaral, Educris e Ecclesia. Notícia atualizada às 17h58 de sábado, dia 27)

Catequistas açorianos passam Porta Santa de São Pedro

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