Os Magos ensinam que Deus é o Príncipe da Paz e a Luz das nações, afirma cónego Hélder Fonseca Mendes

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O Administrador diocesano presidiu hoje à última missa dominical na Sé nessa condição e agradeceu as orações, deixou um desafio e um apelo, invocando também a memória de Bento XVI, no 7º dia da sua morte

O cónego Hélder Fonseca Mendes presidiu esta manhã na Sé à última missa dominical na catedral como Administrador Diocesano e agradeceu as “orações e o acolhimento” que teve nessa condição em toda a diocese, durante 14 meses, mas deixou igualmente um apelo para que a sede vacante não se torne a repetir tão cedo.

“A Diocese não vivia uma situação tão amarga” há muito tempo, desde o inicio do século XX.

“Esperemos que só daqui a um século a situação se repita, pois a Igreja fica prejudicada com a carência de um bispo próprio, bem como dos seus órgãos de participação e co-responsabilidade” explicitou o sacerdote.

“O modo e o tempo como estão configuradas atualmente uma sede vacante e a escolha de um bispo próprio contradizem o espírito do Concílio Vaticano II e de sinodalidade dele decorrente” desenvolveu recordando as palavras proferidas também hoje numa entrevista, em jeito de balanço, ao programa de rádio Igreja Açores.

“Chegou felizmente a nossa hora. Desejamos que em breve o mesmo aconteça às Igrejas de Bragança e de Setúbal” acrescentou ainda destacando as duas dioceses que se encontram em sede vacante há quase um ano.

O sacerdote deixou ainda um agradecimento- “Foi uma honra poder servir, desde 30 de novembro de 2021 até 14 de janeiro deste ano, a Igreja nos Açores, como Administrador Diocesano”- e um desafio: “ levar as pessoas ao encontro e à comunhão com Jesus Cristo; atender aos pobres da nossa Região, na luta contra a pobreza imposta pelos sistemas; cuidar da santificação do Povo de Deus na luta contra o pecado e todas as formas de escravidão, alienação e exploração”.

A par da evangelização, pediu aos açorianos oração pelo novo bispo bem como deixou o convite, sobretudo a quem está em Angra, a participar nas celebrações de entrada de D. Armando Esteves Domingues, no próximo domingo, que recordamos tem também transmissão em direto na RTP Açores de forma a que toda a diocese possa acompanhar a chegada do novo prelado.

Na homilia da Missa, que evocou também a memória do Papa Bento XVI, falecido no passado sábado dia 31 de dezembro, o cónego Hélder Fonseca Mendes falou do exemplo dos Magos, figuras imprescindíveis para assinalar a solenidade da Epifania do Senhor que  Igreja celebra hoje em todo o mundo, quase a terminar o Tempo de Natal.

“Nos três Magos vemos associadas as questões da fé, da ciência e da política, seja diante de Jesus, seja no contraste com Herodes” constatou o sacerdote desafiando os diocesanos a interpelarem-se sobre o que fica deste período para a sua vivência cristã, de forma individual e coletiva.

A partir da Liturgia, que celebra a manifestação de Jesus a todos os homens, apresentando-O como uma Luz que se acende na noite do mundo e atrai a si todos os povos da terra, o cónego Hélder Fonseca Mendes sublinhou que “É desta luz que a Igreja vive, transporta e trabalha para que cada homem e cada mulher se encontrem com ela, como quem se encontra com a Verdade e o Amor”.

“São dois temas muito caros ao recém-falecido Papa Bento, para quem a Verdade não pode estar fora do Amor, nem o Amor fora da Verdade. Esta unidade chama-se Jesus Cristo, e por isso só a Verdade liberta e o Amor salva. Em Deus não há verdade que não seja amorosa, nem amor que não seja verdade” esclarece lembrando Bento XVI.

“Se em Babel ninguém se entendia, na epifania do Senhor três homens de origens e culturas diferentes passam a entender e a entenderem-se, tal como no dia de Pentecostes, embora cada povo exprima os dons recebidos na sua própria língua” acrescentou ao sublinhar o desafio constante da atitude dos Magos seja no caminho, ao não desistirem diante da adversidade, seja na missão que assumiram ao regressar a casa.

“Seria muito bom que nós cristãos e católicos, a par nas nossas ações formativas, laborais e pastorais, nos habituássemos a ver o ano litúrgico na sua totalidade, como celebração do mistério de Cristo, de um modo existencial, e não de festas e eventos a retalho, pois cada domingo do ano fala-nos dessa excelência cheia de graça e verdade”, concluiu.

 

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