Ouvidoria da Ribeira Grande

Pelo Pe. Vítor Medeiros

A igreja não pode ser vista como “um supermercado” onde se compram serviços ou se fazem queixas, refere o Pe. Vitor Medeiros, o novo ouvidor da Ribeira Grande, na ilha de São Miguel, numa entrevista ao Igreja Açores.

O sacerdote que regressou à Ribeira Grande em 2012, depois de duas experiências fora da ilha- Nas Flores e na Alemanha, junto da comunidade emigrante- é um dos sete novos ouvidores nomeados pelo bispo de Angra, no passado mês de outubro.

Pároco da Ribeirinha e de Santa Bárbara, é ainda o responsável pela pastoral familiar, sendo assistente diocesano dos Cursos de Preparação para o Matrimónio. Por isso, não é de estranhar, que a sua atenção se vir para as famílias que quere ver como “principais testemunhas do Evangelho”.

“A família é, de facto, uma área que desperta a atenção das pessoas porque é aqui que cada um inicia a sua caminhada cristã. Elas precisam de ser as primeiras testemunhas desta ouvidoria”, adianta sublinhando que, nesta como noutros sectores da pastoral, “há leigos muito empenhados e formados que, orientados, podem fazer um trabalho muito válido, como muitos já estão a fazer”.

Nesta ouvidoria, marcadamente rural (mesmo na cidade todos se conhecem) há problemas sociais graves que passam pelo desemprego, pela toxicodependência mas também pelo abandono escolar.

Comunidades como Rabo de Peixe, Santa Bárbara, São Pedro, são comunidades carenciadas que precisam de respostas concretas “que a igreja tem procurado dar sempre em articulação com outros serviços de fora”, refere ainda.

“As comunidades são diversas e cada uma tem as suas especificidades. Mas algumas enfrentam problemáticas sociais de fundo que precisam de uma resposta mais assertiva  pois as comunidades, sem perderem a sua identidade de sempre, enfrentam hoje novos problemas”, afirma o Pe. Vitor Medeiros.

Nas várias paróquias que compõem a Ribeira Grande, “há uma predominância da vivência da religiosidade popular com os romeiros, a devoção mariana ou o Espírito Santo” e as comunidades “são pequenas, sendo a familiaridade entre os seus membros uma característica transversal a quase todas as paróquias desta ouvidoria” esclarece o novo ouvidor.

Na entrevista ao Igreja Açores, o  Pe. Vitor Medeiros recorda que só agora começam a ser estruturados os serviços e para isso, conta com toda a colaboração do clero da ouvidoria que “conhecendo melhor cada uma das paróquias  que lhes está destinada tem, há muito tempo,  uma noção de toda a ouvidoria”.

A informatização de todas as paróquias, uma maior ligação entre elas ao nível da coordenação pastoral são algumas da metas já definidas para além da actividade pastoral “que já é grande”.

Entre as prioridades está igualmente a Juventude, que o sacerdote espera poder reanimar, envolvendo-a mais na igreja.

“Temos o movimento escutista muito forte mas é preciso que os grupos de jovens apareçam” destaca o sacerdote que elogia a ação pastoral dos romeiros que “estão cada vez mais integrados nas suas comunidades paroquiais animando celebrações e participando nas várias iniciativas”.

Do ponto de vista social, o desemprego é “porventura o problema mais transversal a todas as comunidades” e requere “uma atenção permanente da igreja nomeadamente na satisfação imediata das necessidades alimentares e de bens de primeira necessidade”, frisa ainda. O movimento Vicentino, é de resto, um dos mais organizados e presentes nas várias paróquias desta ouvidoria.

“Estar atento e próximo, ouvindo as comunidades é o maior desafio e compromisso que posso assumir mas também serei exigente para com os cristãos”, diz, por outro lado, quando questionado sobre o que podem esperar as comunidades do seu desempenho.

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