Ouvidoria de Fenais de Vera Cruz

Pelo Pe. Carlos Simas

“Unidade”, “proximidade” e “disponibilidade” são a receita oferecida pelo Pe. Carlos Simas, ouvidor dos Fenais da Vera Cruz, às diferentes comunidades que serve. Ele e os dois colegas que, em permanência, asseguram as cinco comunidades paroquiais e os três curatos que a ouvidoria da costa norte da ilha de São Miguel integra.

“Procuro que sejamos pastores que conhecem as ovelhas mas a quem as ovelhas conhecem e com quem sabem que podem contar” disse numa entrevista ao programa de rádio Igreja Açores sublinhando a importância do sentido de presença na actividade pastoral do sacerdote, enquanto pároco mas também como ouvidor.

O sacerdote, que desde 2014 desenvolve esta missão, numa ouvidoria geograficamente pequena, mas com os problemas das grandes, nomeadamente problemas sociais e familiares, refere que o grande desafio que se coloca a esta ouvidoria, em particular, mas também à igreja em geral, é cumprir o mandato do Papa Francisco.

“Temos de ser capazes de levantar os olhos, ver que há um campo de batalha à nossa frente e que há gente ferida que precisa ser escutada e ouvida e nós temos o dever de fazer silêncio” refere o sacerdote frisando que mais do que fórmulas ou soluções as pessoas “querem ser acolhidas e ouvidas”.

A família, a juventude e a pastoral social constituem por isso o grande desafio desta ouvidoria.

“Temos aqui um longo trabalho a desenvolver” refere lembrando que há problemas sociais “graves como a violência doméstica ou a toxicodependência” que afetam o normal funcionamento da família e que a igreja não só já acompanha como tem de ser capaz de ajudar.

“A família é a célula da sociedade, temos de acompanhar a família porque é ela que forma os jovens, os cristãos de amanhã e a família deve transmitir os valores de Jesus cristo” frisa.

“O mundo que anda nas trevas precisa de luz e cada um de nós tem que ser capaz de levar essa luz ao mundo apresentando o rosto de Cristo” acrescenta lembrando que muitas famílias estão feridas por problemas sociais graves que a proximidade muitas vezes não ajuda a resolver.

“Às vezes sentimos que as pessoas têm vergonha de denunciar, de falar com medo de serem censuradas e nós devemos acompanhá-las e mostrar-lhes que não é assim”, refere ainda.

A ouvidoria, que foi reorganizada em 2013 do ponto de vista geográfico absorvendo algumas comunidades paroquiais que estavam na ouvidoria da Ribeira Grande e devolvendo outras à ouvidoria do Nordeste, celebrou em 2016 o seu centenário.

“Foi um momento muito importante em que devolvemos unidade a estas comunidades; em que se pensou a igreja não ao nível da paróquia ou do movimento mas com uma grande unidade: todos somos igreja e povo de Deus e por isso não podemos viver fechados sobre nós mesmos” afirmou o sacerdote sublinhando a importância desta vivência herdade do centenário cujas comemorações liderou.

A entrevista do Padre Carlos Simas pode ser ouvida no programa de rádio Igreja Açores que foi para o ar no dia 31 de dezembro.

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