Padre Júlio Rocha: “ `Dilexi Te´ é uma leitura obrigatória e libertadora”

Sacerdote, teólogo moralista, sublinha que a nova exortação do Papa Leão XIV reafirma o compromisso da Igreja com os pobres e os excluídos e sublinha a continuidade entre Leão XIV e Francisco na defesa dos marginalizados

Foto: Igreja Açores/CR

 

O padre José Júlio Rocha, Vigário Episcopal para o Clero e teólogo moralista,  considera que a nova exortação apostólica Dilexi Te (“Eu amei-te”), do Papa Leão XIV, “é um texto libertador e de leitura obrigatória” para todos os cristãos.

O sacerdote destaca a profundidade teológica e pastoral do documento, que coloca os pobres no centro da fé e da missão eclesial.

“Na essência do cristianismo está o pobre, rosto de Cristo e destinatário primeiro da Sua ação”, afirma o teólogo, sublinhando que o novo Papa prossegue o caminho aberto por Francisco na atenção aos excluídos e marginalizados.

“Este texto mostra o quanto Leão XIV está próximo de Francisco na grande questão dos pobres, dos migrantes e dos rejeitados”, observa o padre Júlio Rocha.

“É uma obra a quatro mãos, porque foi querida e iniciada por Francisco e concluída por Leão XIV.”

Publicada ontem pelo Vaticano, `Dilexi Te´ é o primeiro documento do novo pontificado e insere-se plenamente na Doutrina Social da Igreja. Logo nas primeiras páginas, Leão XIV declara: “Não estamos no horizonte da beneficência, mas no da Revelação”, recordando que o amor cristão pelo pobre não é um gesto de assistência, mas um elemento constitutivo da própria fé.

O texto percorre dois séculos de pensamento e ação social da Igreja, desde a Rerum Novarum de Leão XIII até aos apelos contemporâneos de Francisco. O Papa norte-americano, antigo missionário no Peru, reafirma o princípio do “destino universal dos bens”, sublinhando que “quem possui deve fazê-lo em benefício próprio e também dos outros”, reconhece ainda o sacerdote açoriano, especialista em Doutrina Social da Igreja.

“O que tens a mais não é teu quando ao teu irmão falta o essencial”, escreve Leão XIV, ecoando a tradição dos Padres da Igreja.

Para o padre Júlio Rocha, o documento denuncia com clareza “a ditadura de uma economia que mata” e desafia os cristãos a combater a indiferença. “O grande pecado é a indiferença. Os pobres não são um problema social, mas uma questão familiar. Pertencem aos nossos”, destaca o teólogo, citando o texto papal.

A exortação dedica especial atenção à educação como instrumento de libertação e à causa dos migrantes. “A Igreja, como mãe, caminha com os que caminham. Onde o mundo vê ameaça, ela vê filhos; onde se erguem muros, constrói pontes”, escreve o Papa.

Para Júlio Rocha, o novo documento é um convite à autenticidade cristã.

“Muitos não vão gostar deste texto. Ele exige conversão e compromisso. Mas é profundamente evangélico, porque recorda que a santidade não se pode viver à margem do amor pelos pobres”, conclui.

A opinião do sacerdote, que é assistente da Comissão Diocesana Justiça e Paz pode ser lida na integra num texto de opinião publicado no Sítio Igreja Açores e ouvida na integra no programa de rádio do próximo domingo, depois do meio-dia, na Antena 1 Açores e no Rádio Clube de Angra.

 

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