Papa alerta cardeais contra mentalidade e intrigas de «corte»

Francisco celebrou missa com o Colégio Cardinalício, a quem pediu exemplo de «santidade» e «caridade» para todos.

O Papa presidiu hoje no Vaticano à Missa com os novos cardeais, criados este sábado, e os participantes no primeiro consistório do pontificado, que alertou contra uma mentalidade de “corte” que promove “intrigas”.

 

“O cardeal – digo-o especialmente a vós – entra na Igreja de Roma. Irmãos: não entra numa corte. Evitemos todos e ajudemo-nos mutuamente a evitar hábitos e comportamentos de corte: intrigas, maledicência, fações, favoritismos, preferências”, declarou, na homilia que proferiu na Basílica de São Pedro.

 

Francisco apresentou um código de “conduta” para cada cardeal, convidando todos a imitar o “Espírito de Cristo” para serem “canais por onde corre a sua caridade”.

 

“Este é o comportamento, esta deve ser a conduta de um cardeal”, sublinhou, pedindo depois: “Permaneçamos unidos em Cristo e entre nós”.

 

Segundo o Papa, a linguagem dos responsáveis católicos deve ser a do Evangelho – ‘sim, sim; não, não’, com as atitudes das “bem-aventuranças” e o caminho “da santidade”.

 

“Estas atitudes nascem da santidade de Deus. Nós somos tão diferentes, tão egoístas e orgulhosos, no entanto, a bondade e a beleza de Deus atraem-nos, e o Espírito Santo pode purificar-nos, pode transformar-nos, pode moldar-nos dia após dia”, precisou.

 

“Ser santo não é um luxo, é necessário para a salvação do mundo”, disse ainda.

 

A homilia destacou que imitar “a santidade e a perfeição de Deus” pode parecer uma “meta inatingível” e deixou um apelo à “conversão”.

 

“Fazer este trabalho de conversão, conversão no coração, conversão que todos nós, especialmente vós cardeais e eu, temos de fazer. Conversão”, sublinhou Francisco.

 

O Papa declarou que este pedido se dirigia em especial aos que este sábado começaram a fazer parte do Colégio Cardinalício, defendendo que os seguidores de Jesus têm de “amar a pessoa que não o merece, sem retribuição, a fim de preencher as lacunas de amor que há nos corações, nas relações humanas, nas famílias, nas comunidades, no mundo”.

 

“Amemos aqueles que nos são hostis; abençoemos quem fala mal de nós; saudemos com um sorriso a quem talvez não o mereça; não aspiremos a fazer-vos valer, mas oponhamos a mansidão à prepotência; esqueçamos as humilhações sofridas”, sustentou.

 

Francisco afirmou que Jesus não veio para ensinar “boas maneiras”, mas para mostrar o “caminho da misericórdia” que pode salvar o mundo.

 

“Um coração vazio de amor é como uma igreja dessacralizada, subtraída ao serviço de Deus e destinada a outro fim”, advertiu.

 

O Papa conclui com um pedido de oração para que o Colégio dos Cardeais “seja cada vez mais inflamado de caridade pastoral, cada vez mais cheio de santidade, para servir o Evangelho e ajudar a Igreja a irradiar pelo mundo o amor de Cristo”.

 

“Peço-vos que me acompanheis de perto, com a oração, o conselho, a colaboração”, disse aos cardeais.

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