Papa cria «ministério» para as Finanças e reformula «banco central»

Secretaria para a Economia vai ser dirigida pelo cardeal George Pell, australiano, membro do «C8».

O Papa Francisco criou hoje uma nova estrutura de coordenação para as atividades económicas e administrativas da Santa Sé e do Vaticano, sob a direção do cardeal George Pell, australiano, membro do chamado ‘C8’.

 

A sala de imprensa da Santa Sé anuncia em comunicado a instituição de uma “nova Secretaria para a Economia”, com autoridade sobre todas as atividades económicas e financeiras.

 

Esta nova estrutura que vai supervisionar a gestão do Vaticano insere-se no âmbito da reforma da Cúria, que visa melhorar a transparência e aumentar os fundos para os pobres.

 

O ministério vai ser liderado pelo cardeal australiano George Pell, que preparará um orçamento anual e imporá normas internacionais de contabilidade naquele estado, e vai ser composto por 15 membros de oito clérigos de diferentes partes do mundo, bem como sete especialistas em assuntos financeiros.

 

As mudanças promovidas pelo Papa “confirmam” o papel da Administração do Património da Sé Apostólica (APSA) como Banco Central do Vaticano, “com todas as obrigações e responsabilidades das instituições análogas em todo o mundo”.

 

A APSA (Cúria Romana) tem como missão administrar os bens que são propriedade da Santa Sé, destinados a fornecer fundos necessários para o funcionamento dos organismos centrais de governo da Igreja Católica.

 

O anúncio de hoje responde, segundo o Vaticano, às recomendações de “transparência” que surgiram após a “rigorosa revisão” levada a cabo pela Comissão Pontifícia de Inquérito para a Organização Económica e Administrativa da Santa Sé (COSEA), instituída por Francisco em julho de 2013.

 

As conclusões destes trabalhos foram analisadas na última semana pelo Papa e o Conselho de Cardeais, o ‘C8’, organismo consultivo para a reforma da Cúria Romana, e pelo conselho de 15 cardeais “para o estudo dos problemas organizativos e económicos da Santa Sé”, ligado à Prefeitura dos Assuntos Económicos da Santa Sé, entidade que tinha até agora a responsabilidade de elaborar e aprovar os orçamentos.

 

As mudanças em curso pretendem promover um “envolvimento mais explícito de peritos com alto nível de experiência em administração financeira” para garantir “uma melhor utilização dos recursos” e melhorar os vários programas, “em particular os que são destinados ao trabalho com os pobres e marginalizados”.

 

A nova Secretaria da Economia, que responde “diretamente” ao Papa, assume a responsabilidade de preparar o orçamento anual para a Santa Sé e o Estado da Cidade do Vaticano, bem como a “planificação financeira” dos mesmos.

 

O Papa cria ainda um novo “Conselho para a Economia”, presidido por um cardeal coordenador, com 15 membros: oito “cardeais ou bispos”, para refletir a “universalidade da Igreja”, e sete “peritos leigos de várias nacionalidades”.

 

O cardeal George Pell, atual arcebispo de Sidney (Austrália), vai assumir funções de prefeito da Secretaria para a Economia, colaborando com o secretário de Estado (cardeal Pietro Parolin) e será coadjuvado por um secretário-geral na “gestão das atividades diárias”, adianta a Santa Sé.

 

Francisco pediu ao cardeal australiano que inicie funções “o mais rapidamente possível”, competindo-lhe a elaboração dos estatutos finais.

 

As mudanças incluem ainda a futura nomeação de um auditor geral, por parte do Papa, que terá o poder de “fazer revisões a qualquer agência ou instituição da Santa Sé e do Estado da Cidade do Vaticano”.

 

A Autoridade para a Informação Financeira vai continuar a desenvolver o seu papel atual de “vigilância preventiva e disciplina da atividade” neste campo.

 

De fora destas recomendações, de momento, fica o Instituto para as Obras Religiosas (IOR), conhecido vulgarmente como ‘Banco do Vaticano’, que segundo o diretor da sala de imprensa da Santa Sé, padre Federico Lombardi, continua a ser “objeto de estudo e de reflexão”.

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