Papa critica “ídolos” da eficiência e do consumismo, que descartam os mais frágeis

Foto: Vatican Media

O Papa criticou hoje, no Vaticano, as sociedades que se constroem sobre os “ídolos da eficiência e do consumismo”, que levam a descartar as pessoas mais frágeis.

“Pensemos nos últimos, muitas vezes tratados como material descartável e objetos indesejados. Permanecer fiel ao que conta custa: custa ir contra a maré, libertar-se do condicionamento do pensamento comum, ser deixado de lado por aqueles que seguem a onda. Mas não importa, Jesus diz que o que importa é não deitar fora o bem maior: a vida”, disse, desde a janela do apartamento pontifício, presidindo à recitação da oração do ângelus.

Perante milhares de pessoas reunidas na Praça de São Pedro, Francisco citou uma imagem usada por Jesus no Evangelho segundo São João, a da “Geena”, o “grande depósito de lixo” da cidade de Jerusalém, no tempo de Cristo.

“Nas ‘geena’ de hoje, ao contrário, muitas vezes são as pessoas que ali acabam”, advertiu.

A reflexão destacou a importância de manter a fidelidade ao anúncio do Evangelho, “uma mensagem de paz e justiça, fundada na caridade fraterna e no perdão”, mesmo quando se encontra “oposição, violência e perseguição”.

“Não se deve ter tanto medo de sofrer mal-entendidos e críticas, de perder prestígio e vantagens económicas para permanecer fiel ao Evangelho como de desperdiçar a existência correndo atrás de coisas triviais, que não enchem a vida de significado”, apontou.

“Ainda hoje, pode ser-se ridicularizado ou discriminado por não seguir certos modelos da moda que, no entanto, colocam muitas vezes realidades de segunda categoria no centro: as coisas em vez das pessoas, o desempenho em vez das relações”.

Francisco recomendou que pais, sacerdotes e religiosos evitem colocar no centro das suas vidas apenas o trabalho ou as atividades a cumprir, sem tempo para os outros nem para Deus.

A reflexão dominical deixou uma palavra particular aos jovens, que vivem com “mil compromissos e paixões”

“(Têm) a escola, o desporto, interesses diversos, os telemóveis e as redes sociais, mas precisam de se encontrar com as pessoas e realizar grandes sonhos, sem perder tempo com coisas que passam e não deixam marcas”, sustentou.

Após a oração, antes de saudar os grupos presentes, o Papa mostrou-se “entristecido” com o motim na prisão feminina de Tamara, nas Honduras, que na última terça-feira provocou a morte de 41 reclusas, na sequência de confrontos entre gangues rivais.

Francisco condenou esta “terrível violência” que “semeou morte e sofrimento”, rezando a Nossa Senhora para que “ajude os corações a abrir-se à reconciliação e a dar espaço a uma convivência fraterna, mesmo dentro da cadeia”.

Antes de despedir-se, o Papa rezou pelo “dom da paz”, sobretudo para o “martirizado povo ucraniano”.

O Vaticano anunciou que a audiência pública semanal das quartas-feiras vai ser retomada no próximo dia 28, após uma pausa provocada pela intervenção cirúrgica a que Francisco foi submetido, a 7 de junho, por causa de uma hérnia abdominal.

(Com Ecclesia)

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