Papa defende educação para o pluralismo nos media

Mensagem para o Dia Mundial das Comunicações Sociais 2015 sublinha papel das famílias na formação de novas gerações no uso das tecnologias e da informação

O Papa defende na sua Mensagem para o Dia Mundial das Comunicações Sociais (DMCS) 2015, divulgada hoje, uma educação para o pluralismo, no interior de cada família

“Uma criança que aprende, em família, a ouvir os outros, a falar de modo respeitoso, expressando o seu ponto de vista sem negar o dos outros, será um construtor de diálogo e reconciliação na sociedade”, escreve Francisco.

A segunda mensagem do Papa para o DMCS é dedicada ao tema ‘Comunicar a família: ambiente privilegiado do encontro na gratuidade do amor’.

O texto realça que a informação é importante, “mas não é suficiente”, porque muitas vezes “simplifica, contrapõe as diferenças e as visões diversas”, em vez oferecer uma visão de conjunto.

“O desafio que hoje se nos apresenta é o de aprender de novo a narrar, não nos limitando a produzir e consumir informação”, observa.

Nesse sentido, o Papa explica que narrar significa compreender que todas as vidas “estão entrelaçadas numa trama unitária, que as vozes são múltiplas e cada uma é insubstituível”.

O texto assinala que as comunidades católicas têm a responsabilidade de ajudar os pais a ensinar os filhos “a viver, no ambiente da comunicação, segundo os critérios da dignidade da pessoa humana e do bem comum”.

“Descobrindo diariamente o centro vital que é o encontro, este ‘início vivo’, saberemos orientar o nosso relacionamento com as tecnologias, em vez de nos deixarmos arrastar por elas. Também neste campo, os primeiros educadores são os pais”, realça.

Francisco sustenta que, apesar de as novas tecnologias de comunicação poderem “dificultar” a comunicação em família, também é verdade que a podem favorecer, quando “ajudam a narrar e partilhar, a permanecer em contacto com os de longe, a agradecer e pedir perdão, a tornar possível sem cessar o encontro”.

O Papa justifica a escolha do tema da família com o atual processo sinodal que está em curso, para promover “uma profunda reflexão eclesial”.

“A família é o primeiro lugar onde aprendemos a comunicar”, sublinha a mensagem.

Francisco recorda que é em cada família que mais se sentem as “limitações, próprias e alheias, os pequenos e grandes problemas da coexistência”.

“Não existe a família perfeita, mas não é preciso ter medo da imperfeição, da fragilidade, nem mesmo dos conflitos; o que é preciso é aprender a enfrentá-los de forma construtiva”, observa, antes de propor o que denomina como “escola de perdão”.

Francisco contraria o discurso que apresenta a família como um “problema” e convida a Igreja a “comunicar a beleza e a riqueza do relacionamento entre o homem e a mulher”.

O Papa lamenta que os meios de comunicação social tendam a apresentar a família como s”um modelo abstrato” que é preciso “aceitar ou rejeitar, defender ou atacar”, ou como se fosse “uma ideologia de alguém contra outro”.

“Não lutemos para defender o passado, mas trabalhemos com paciência e confiança, em todos os ambientes onde diariamente nos encontramos, para construir o futuro”, conclui.

O Dia Mundial das Comunicações Sociais, única celebração do género estabelecida pelo Concílio Vaticano II (decreto ‘Inter Mirifica’, 1963), é celebrado no domingo que antecede o Pentecostes (17 de maio, em 2015).

A mensagem do Papa foi publicada na véspera da festa litúrgica de São Francisco de Sales, padroeiro dos jornalistas (24 de janeiro).

CR/Ecclesia

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