Papa defende nova visão para atividade económica e política, a partir da Universidade

Foto: Agência Ecclesia/ Arlindo Homem
Francisco alerta para sofrimento do planeta e dos pobres

O Papa pediu hoje na Universidade Católica Portuguesa (UCP) que as instituições académicas promovam uma nova visão para a atividade política e económica, rejeitando um “sistema elitista e desigual” que afasta a maioria da humanidade do Ensino Superior.

“Não esqueçais que temos necessidade duma ecologia integral, de escutar o sofrimento do planeta juntamente com o dos pobres; necessidade de colocar o drama da desertificação em paralelo com o dos refugiados; o tema das migrações juntamente com o da queda da natalidade; necessidade de nos ocuparmos da dimensão material da vida no âmbito duma dimensão espiritual”, disse aos participantes no encontro com jovens universitários, na sede da UCP.

Francisco falava pouco depois de a reitora da instituição, Isabel Capeloa Gil, ter anunciado a criação da cátedra ‘Economia de Francisco e de Clara’, que visa “desenvolver um modelo social dignificador das pessoas e do ambiente”.

“É interessante que, na vossa nova cátedra dedicada à «Economia de Francisco», tenhais acrescentado a figura de Clara. De facto, é indispensável o contributo feminino”, disse o Papa, perante 650o pessoas.

“Abordar os estudos económicos com esta perspetiva é entusiasmante, tendo em vista devolver à economia a dignidade que lhe compete, para que não caia como presa do mercado selvagem e da especulação”, disse

Francisco desafiou os jovens a promover uma reflexão aprofundada, sem aceitar “respostas fáceis que anestesiam”.

“Desconfiemos das fórmulas pré-fabricadas, das respostas que nos parecem ao alcance da mão, extraídas da manga como se fossem cartas viciadas”, advertiu.

O Papa admitiu que muitos se sentem “sedentos, inquietos, incompletos, desejosos de sentido e de futuro, com saudades do futuro”.

“Sede protagonistas duma ‘nova coreografia’ que coloque no centro a pessoa humana, sede coreógrafos da dança da vida”, prosseguiu.

Citando Almada Negreiros, Francisco confessou o sonho de que a nova geração “se torne uma geração de mestres: mestres de humanidade, mestres de compaixão, mestres de novas oportunidades para o planeta e seus habitantes, mestres de esperança”.

“Mestres que defendam a vida do planeta, ameaçada por uma grave crise ecológica”, prosseguiu.

O Papa apelou ainda os jovens a aderir ao ‘Pacto Educativo Global’, lançado por si, em 2020, no qual  apresenta sete compromissos concretos

A intervenção elogiou experiências de serviço fraterno, como a ‘Missão País’, considerando que a formação universitária é “um mandato para se dedicar a uma sociedade mais justa e inclusiva, ou seja, mais avançada”.

“Que quereis ver realizado em Portugal e no mundo? Quais mudanças, quais transformações? E como pode a universidade, especialmente a Católica, contribuir para isso?”, questionou.

Francisco comentou depois os testemunhos apresentados por quatro jovens, sobre projetos ligados à educação, economia e ecologia e à experiência de viver como refugiada.

O Papa mostrou-se particularmente emocionado com o depoimento de Mahoor, estudante iraniana que fugiu da Ucrânia, por causa da guerra.

“Disse-nos que reencontrou a esperança porque alguém acreditou no impacto transformador da cultura do encontro. Sempre que alguém pratica um gesto de hospitalidade, desencadeia uma transformação”, declarou Francisco.

O segundo do quinto dia de viagem do Papa a Portugal prossegue na ‘Scholas Cascais’, outro projeto ligado à educação.

(Com Ecclesia e Lusa)

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