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Por Renato Moura

Estava a decorrer um Conselho Pastoral Diocesano, quando a Carmo Rodeia me convidou para escrever semanalmente uma peça para o «Igreja Açores». Aceitei e as partilhas tomaram o título genérico de “Contraposições”.

A primeira fui publicada a 12.11.2015 e começava assim: “A contraposição permite estabelecer comparações e paralelismos; pôr em frente. Fundamentar com razões ou argumentos contrários. Agir ou argumentar num sentido, permite objectar, contraditar, refutar. Actuar, escrever e publicar cria um campo de contraditação”.

Assumindo uma preocupação permanente de regularidade e renovação, só em quatro semanas, em mais de sete anos, não se publicou, por motivo de doença; e assim, com esta são 400. Com espírito de serviço, muitas vezes senti o drama da escolha de tema; e quando pedi, estou crente que recebi a inspiração divina. A intenção sempre é a defesa de valores e princípios. São assim temas frequentes: ensinamentos do Papa Francisco e de outros pensadores, factos e eventos, ou a sabedoria popular.

Muitos assuntos e exposição de ideias e reflexões pessoais, que não pretendem ser teorias incontestáveis. São apenas a minha interpretação sobre a Constituição, o Estatuto, o exercício do poder político e administrativo, os poderes e os deveres das instituições, das colectividades e dos cidadãos. O objectivo sempre tem sido o de motivar a reflexão, o debate, ou mesmo abrir caminho para a contestação. Ser cristão também implica ser directo, frontal, dizer as verdades todas, com frontalidade e coragem, sejam elas do âmbito político, social ou religioso.

Considero indispensável a envolvência de todos na política, designadamente dos cristãos, seja na exigência ou na prática. Quem exerce cargos, sejam eles de que natureza forem, deveria agradecer as críticas sérias e construtivas. O debate honesto conduz à luz. Creio que todos já percebemos que só os incapazes têm medo de controvérsias.

Quem escreve desnuda-se. Quem o faça há mais de meio século, muito mais. Mesmo que escreva defendendo o que interpreta ser a razão e em defesa das suas mais profundas convicções, fica a descoberto das críticas do fundo e da forma. Sujeita-se a inimizades e até a vinganças; que nunca me amedrontaram, nem temo.

400 partilhas depois, quem tem a paciência de me ler e pensar mereceria conhecer como começou o “Contraposições”; e os objectivos com que tem prosseguido. Enquanto os responsáveis acharem útil, ou até Deus querer.

Seja-me permitido apelar a todos, para sem medo participarem na construção da esperança.

 

 

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