Papa defende recuperação do sentido comunitário, no pós-pandemia

O Papa apelou hoje no Vaticano à do sentido comunitário, no pós-pandemia, numa audiência geral marcada pela “invasão” de palco de uma criança, que foi cumprimentar Francisco.

“Sobretudo neste momento histórico, precisamos de redescobrir a dimensão comunitária, não individualista, da liberdade: a pandemia ensinou-nos que precisamos uns dos outros, mas não é suficiente sabê-lo, precisamos de o escolher concretamente todos os dias”, apontou.

Francisco deixou críticas a uma das “mais difundidas conceções modernas de liberdade”, a ideia de que “a minha liberdade acaba onde começa a tua”.

“Aqui falta a relação, o relacionamento, trata-se de uma visão individualista”, advertiu, sublinhando que “a dimensão social é fundamental para os cristãos, permitindo-lhes olhar para o bem comum e não para o interesse particular”.

Aqueles que receberam o dom da libertação trazida por Jesus não podem pensar que a liberdade consiste em afastar-se dos outros, sentindo-os como um incómodo; não podem ver o ser humano como fechado em si mesmo, mas sempre como parte de uma comunidade”.

O Papa falava sobre a carta de São Paulo aos Gálatas, texto bíblico que tem orientado as suas reflexões, nas últimas semanas, e convidou a passar de “uma religiosidade feita de preceitos para uma fé viva, que tem o seu centro na comunhão com Deus e com os irmãos”.

“A verdadeira liberdade é plenamente expressa na caridade. Mais uma vez encontramo-nos perante o paradoxo do Evangelho: somos livres para servir; encontramo-nos plenamente na medida em que nos damos”, sustentou.

Antes da catequese semanal, no Auditório Paulo VI, uma criança correu para o palco, cumprimentando efusivamente o Papa, que a deixou sentar-se ao seu lado durante uns momentos.

Francisco falou deste episódio, com os peregrinos presentes, recordando as palavras de Jesus: “Se não fizerem como as crianças, não entrarão no Reino dos Céus”.

O Papa elogiou a “espontaneidade e liberdade das crianças” e observou que estas “não têm um tradutor automático que passa do amor à vida, o coração avança”.

“Agradeço a esta criança pela lição que nos deu”, acrescentou.

Paolo Jr., com 10 anos de idade, tem uma deficiência intelectual e foi acompanhado pela sua mãe, após ter chegado junto do Papa.

No final da audiência, Francisco deixou saudações aos peregrinos de vários países, presentes no Vaticano.

“Saúdo com afeto os fiéis de língua portuguesa, desejando que em vossos corações esteja sempre presente o amor, especialmente pelos mais pobres. Assim somos verdadeiramente livres! Que Deus vos abençoe e vos proteja de todo o mal”, disse.

As intervenções evocaram ainda a próxima memória litúrgica de São João Paulo II, que se assinala a 22 de outubro.

 

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