O Papa denunciou hoje a situação dos povos “saqueados” pela guerra e a pobreza, em todo o mundo, deixando apelos ao acolhimento de todos, sem distinção, nas comunidades católicas.
“É o caminho de muitos povos despojados, roubados e saqueados, vítimas de sistemas políticos opressivos, de uma economia que os condena à pobreza, da guerra que mata os seus sonhos e as suas vidas”, declarou Leão XIV, na homilia da primeira Missa a que presidiu em Castel Gandolfo, onde se encontra a passar um período de férias.
Na paróquia pontifícia de São Tomás de Villanova, situada nos arredores de Roma, o pontífice apresentou uma reflexão sobre a parábola do Bom Samaritano, alertando contra o individualismo e a indiferença.
“Vemos e passamos adiante, ou deixamos que o nosso coração seja tocado como o do samaritano? Às vezes contentamo-nos apenas em fazer o nosso dever ou consideramos nosso próximo apenas quem está no nosso círculo, quem pensa como nós, quem tem a mesma nacionalidade ou religião, advertiu.
Leão XIV sublinhou que o ensinamento de Jesus “inverte a perspetiva, apresentando um samaritano, um estrangeiro e herege que se torna próximo do homem ferido”, para o ajudar, promovendo uma “revolução do amor” que é preciso imitar.
“Esta história continua a desafiar-nos também hoje, interpela a nossa vida, abala a tranquilidade das nossas consciências adormecidas ou distraídas e provoca-nos contra o risco de uma fé acomodada, acomodada na observância exterior da lei, mas incapaz de sentir e agir com a mesma compaixão de Deus”, apontou.
No primeiro compromisso público desde a chegada a Castel Gandolfo, há uma semana, o Papa percorreu as ruas da localidade num carro elétrico, aberto, sendo saudado por milhares de pessoas no percurso que liga a residência pontifícia à Praça da Liberdade, onde cumprimentou brevemente a multidão.
Antes da Missa, Leão XVI rezou em silêncio, diante do Santíssimo Sacramento.
O Papa convidou os participantes a ver a realidade com “os olhos do coração”, para conseguir entrar “na situação do outro”.
A homilia falou de uma humanidade que desce “aos abismos da morte” e que, “ainda hoje, muitas vezes, tem de lidar com a escuridão do mal, com o sofrimento, com a pobreza, com o absurdo da morte”.

Leão XIV desejou que todos tenham “um coração que se comove, um olhar que vê e não passa adiante, duas mãos que socorrem e aliviam feridas, ombros fortes que carregam o fardo daqueles que estão em necessidade”.
“Isso aproxima-nos uns dos outros, gera uma verdadeira fraternidade, derruba muros e barreiras. E, finalmente, o amor abre espaço, tornando-se mais forte do que o mal e a morte”, apontou.
No final da Eucaristia, o Papa ofereceu um cálice e uma patena, como presentes, ao pároco local, para evocar a celebração de hoje.
“São instrumentos de comunhão e são um convite a todos nós, para que vivamos em comunhão”, concluiu.
Leão XIV vai ainda recitar o ângelus, na Praça da Liberdade, em frente ao Palácio Apostólico.