Papa elimina limitação do lava-pés de Quinta-feira Santa a homens e rapazes

Francisco modificou a rubrica do Missal Romano sobre este rito

O Papa Francisco decidiu modificar a rubrica do Missal Romano relativa ao lava-pés de Quinta-feira Santa, estabelecendo que a participação no rito não seja limitada só aos homens e rapazes, anunciou hoje a Santa Sé.

De  agora em diante, entre as pessoas escolhidas pelos sacerdotes, poderão ser incluídas também as mulheres.

O Papa explica a sua decisão numa Carta endereçada ao prefeito da Congregação para o Culto Divino e a Disciplina dos Sacramentos, Cardeal Robert Sarah e que aponta para a alteração de uma prática estabelecida em 1955, aquando da reforma da Semana Santa.

Nessa altura, o decreto ‘Maxima Redemptionis nostrae mysteria’ conferiu a faculdade de realizar o lava-pés “a doze homens” durante a Missa na Ceia do Senhor, “a manifestar representativamente a humildade e o amor de Cristo pelos seus discípulos”.

O Missal Romano passa agora a deixar de fazer referência aos “homens escolhidos”, passando a falar nos “escolhidos entre o povo de Deus”, de maneira que os responsáveis pelas comunidades católicas “possam escolher um grupo de fiéis que representem a variedade e a unidade de cada porção do povo de Deus”.

“Tal grupo pode ser composto por homens e mulheres e, convenientemente, jovens e idosos, sãos e doentes, clérigos, consagrados, leigos”, precisa a alteração promovida pelo Papa Francisco.

A Congregação para o Culto Divino e a Disciplina dos Sacramentos introduz esta inovação nos livros litúrgicos do Rito Romano, “recordando aos padres a sua tarefa de instruir devidamente tanto os fiéis escolhidos como os demais, a fim de que participem no rito consciente, ativa e frutuosamente”.

“A mudança atual prevê que sejam designadas pessoas escolhidas entre todos os membros do povo de Deus” sublinha o Pe Jorge Ferreira que estuda em Roma Liturgia, na Universidade de Santo Anselmo.

“Este novo modo refere-se não tanto à imitação exterior daquilo que Jesus fez, mas sim ao significado daquilo que realizou com dimensão universal, isto é, o dar-se “até ao fim” pela salvação do género humano, naquela caridade que abraça a todos e os torna irmãos na prática do seu exemplo”, destaca o sacerdote, natural da Ribeira Grande.

O sacerdote que está a completar a licenciatura, num texto de opinião que pode ler aqui no Sítio Igreja Açores, relembra a história deste rito e insere-o no contexto litúrgico.

“O lava-pés deveajudar a compreender e a viver melhor o grande e fundamental preceito da caridade fraterna que diz respeito a todos os batizados homens e mulheres”, frisa ainda o Pe Jorge Ferreira.

Vale a pena recordar que o Papa Francisco já realizou o rito do Lava-pés com a participação de algumas mulheres. Fê-lo em 2013, numa prisão juvenil, na qual lavou os pés a 12 jovens de várias nacionalidades e religiões, incluindo duas raparigas; em 2014 num centro de reabilitação para pessoas com deficiência e idosos; em 2015 na igreja do complexo prisional de Redibia, em Roma, onde lavou os pés a 6 homens e 6 mulheres e também a uma criança que estava no colo da sua mãe detida.

 

 

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